Leitura Bíblica: Tiago 3:14-16
Versículo-chave: “Mas, se em seu coração há inveja amarga e ambição egoísta, não encubram a verdade com vanglórias e mentiras.” (Tiago 3:14 NVT)
A combinação dos dois termos utilizados em Tiago 3:13 (“sábio” e “entendido”) amplia o peso da exortação feita pelo autor: não se trata apenas de falar bem ou de instruir, mas de viver conforme a sabedoria proveniente de Deus. Essa advertência conecta-se também com Tiago 3:1, que alerta contra os muitos que desejam ser mestres sem a devida qualificação espiritual.
O sábio não se reconhece por discursos, mas por integridade e prática; em outras palavras, sua manifestação precisa ser nítida e perceptível, estabelecendo o padrão da vida cristã como um todo, e não em atitudes isoladas. Tiago organiza essa ideia de maneira progressiva: primeiro a conduta, depois as obras, e, por fim, a disposição interior que qualifica tais atos como sabedoria do alto.
Por outro lado, ele adverte:
“Mas, se em seu coração há inveja amarga e ambição egoísta, não encubram a verdade com vanglórias e mentiras.” (Tiago 3:14 NVT)
A “inveja amarga” é descrita como corrosiva e destrutiva, em oposição à mansidão característica da sabedoria verdadeira. A “ambição egoísta” denuncia um espírito faccioso, inclinado a divisões e contendas. Ambas têm sua raiz no “coração”, indicando que a falsa sabedoria não se limita ao que se fala, mas nasce de uma fonte contaminada. Por isso Tiago exorta: “não encubram a verdade com vanglórias e mentiras”!
A ordem “não encubram a verdade”mostra que a incoerência não é apenas um problema de fala, mas de existência: trata-se de uma negação prática do Evangelho que se confessa. Assim, o termo “vanglória” expõe a presunção de quem se eleva como sábio quando, de fato, vive em oposição à verdade do Evangelho.
Essa presunçosa sabedoria, afirma Tiago, não é a “espécie de sabedoria que vem do alto”, mas é “terrena, mundana e demoníaca” (Tiago 3:15 NVT). “Terrena” porque se limita ao âmbito físico, sem visão espiritual; “mundana” porque é própria do homem carnal, guiado por instintos e carente do Espírito (1 Coríntios 2:14); e “demoníaca” porque opera segundo a lógica de Satanás, promovendo engano, divisão e manipulação. Essas características correspondem à tríade dos inimigos clássicos da alma — mundo, carne e diabo (1 João 2:16).
O resultado dessa falsa sabedoria é inevitável:
“Pois onde há inveja e ambição egoísta, também há confusão e males de todo tipo.” (Tiago 3:16 NVT)
O termo “confusão” indica desordem e instabilidade, em contraste com o Deus da paz (1 Coríntios 14:33). Além disso, produz “males de todo tipo” – expressão que abrange comportamentos vergonhosos, corruptos e detestáveis (João 3:20).
Desse modo, a sabedoria terrena não apenas perturba, mas degrada indivíduos, relacionamentos e comunidades inteiras, revelando as obras da carne – “imoralidade sexual, impureza, sensualidade, idolatria, feitiçaria, hostilidade, discórdias, ciúmes, acessos de raiva, ambições egoístas, dissensões, divisões, inveja, bebedeiras, festanças desregradas e outros pecados semelhantes” (Gálatas 5:19-21 NVT); em oposição ao fruto do Espírito – “amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Não há lei contra essas coisas!” (Gálatas 5:22-23 NVT).