Leia Mateus 5:33,34
“Outrossim, ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Não perjurarás, mas cumprirás os teus juramentos ao Senhor’. Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis.”
Com base nestes dois versículos, parece que Jesus está declarando que todos os juramentos são pecaminosos e que não devemos fazer juramentos em quaisquer situações. No entanto, ao invés de proibir completamente todas as formas de juramento, Cristo, na verdade, estava instruindo e exigindo juramentos legítimos, em conformidade com o terceiro mandamento: “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão” (leia Êxodo 20:7; Levítico 19:12; Deuteronômio 5:11).
Antes de avançarmos, é importante lembrar que Jesus deixou claro que não veio para abolir a Lei ou os Profetas (leia Mateus 5:17). No Sermão do Monte, Ele não anulou os mandamentos previamente dados por Seu Pai, mas os reafirmou e defendeu contra a interpretação distorcida dos escribas e fariseus, que “querendo ser mestres da Lei, não entendiam nem o que diziam nem o que afirmavam” (1 Timóteo 1:7).
Os escribas e fariseus, de acordo com a tradição, haviam desenvolvido um conjunto de juramentos um tanto contraditório. Por exemplo, se alguém dissesse “eu juro pelo ouro do Templo de Jerusalém”, isso era considerado um juramento que vinculava a pessoa que o “quebrasse” à obrigação; no entanto, se dissesse simplesmente “eu juro pelo Templo de Jerusalém”, o juramento poderia ser quebrado. Jesus criticou fortemente esse sistema, demonstrando sua contradição interna: como o Templo poderia ser menos importante que o ouro do Templo, tornando um juramento pelo Templo inválido e um juramento pelo ouro do Templo válido? (leia Mateus 23:16-19)
Por este motivo, Jesus declarou:
“Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Não perjurarás, mas cumprirás os teus juramentos ao Senhor’. Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Deus; nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei; nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto.” (Mateus 5:33-36)
Lembre-se: Jesus não estava proibindo os juramentos legítimos que eram permitidos no Antigo Testamento. Ele estava denunciando as formas ilícitas de juramento que os escribas e fariseus praticavam e ensinavam: juramentos “pelo céu, pela terra, por Jerusalém, pela própria cabeça”.
Portanto, não se trata de uma proibição de todo e qualquer juramento, uma vez que a Lei de Deus ordena jurar pelo nome de Deus e proíbe jurar falsamente pelo nome dEle (leia Levítico 19:11-12; Deuteronômio 6:13). Os escribas e fariseus, para evitar o juramento falso pelo nome de Deus, faziam juramentos paralelos, à parte da Lei, o que era igualmente errôneo e pecaminoso porque, além de proibir formas alternativas de juramento, a Lei também condena o falso juramento!
“Seja, porém, o vosso falar: ‘Sim, sim; não, não’; porque o que passa disto é de procedência maligna.” (Mateus 5:37)
Em um mundo repleto de falsidade, ambiguidade e palavras enganosas, a advertência de Jesus é extremamente relevante. Isso não significa que devemos nos limitar a usar apenas “Sim, sim; Não, não” em nossa comunicação, mas que nossas palavras devem ser honestas, claras e diretas; sem ambiguidade, mentira ou falsidade. Quando dissermos sim, deve ser sim; quando dissermos não, deve ser não. Qualquer coisa além disso é enganoso e, portanto, “de procedência maligna”.
Vigiemos, pois, para não tomar o nome de Deus em vão e nem usar de falsidade uns com os outros.