“As palavras de Isaías referiam-se a Jesus, pois viu Sua glória e falou sobre Ele.” (João 12:41 NVT)
O apóstolo João faz uma pausa no texto para registrar surpresa e pesar porque, “apesar de todos os sinais que Jesus havia realizado, não creram nele” (João 12:37 NVT). Ele conecta essa incredulidade à profecia de Isaías, deixando claro que Jesus era o tema central da passagem sobre o Servo sofredor:
“Aconteceu conforme o profeta Isaías tinha dito: ‘Senhor, quem creu em nossa mensagem? A quem o Senhor revelou seu braço forte?’.” (João 12:38 NVT; confira Isaías 53:1)
É um grave engano presumir que a contemplação de milagres resulta em conversão. Essa ideia é uma ilusão perigosa, pois somente uma transformação interior operada pelo Espírito Santo, criando em nós uma nova natureza e um novo coração, pode fazer de alguém um verdadeiro seguidor de Cristo. Sem essa obra divina, mesmo um grande milagre pode gerar apenas uma empolgação passageira, que desaparecerá, deixando-nos tão indiferentes e incrédulos quanto os judeus daquela época.
Além de descrever a incredulidade, a profecia de Isaías também oferece uma explicação para ela. João utiliza Isaías para demonstrar que a incredulidade é o resultado da rejeição persistente da luz, o que, pela soberania de Deus, acaba tornando impossível o ato de crer:
“Mas o povo não podia crer, pois como Isaías também disse: ‘O Senhor cegou seus olhos e endureceu seu coração para que seus olhos não vejam, e seu coração não entenda, e não se voltem para mim, nem permitam que eu os cure’.” (João 12:40 NVT; confira Isaías 6:10)
Em Isaías 6:1, o profeta relata ter contemplado a glória de Deus. João agora esclarece que a glória que Isaías viu era de Cristo, e que foi dele que o profeta falou:
“As palavras de Isaías referiam-se a Jesus, pois viu Sua glória e falou sobre Ele.”
A visão que Isaías contemplou acerca da majestade de Deus é, na verdade, uma revelação da glória de Jesus Cristo, visto que Ele possui a mesma essência do Pai em poder e majestade, sendo igualmente digno de adoração. Quando alguém realmente recebe a revelação dessa glória e crê nela, sua vida é moldada por essa compreensão, levando-o a abandonar tudo em prol dessa magnífica revelação. Contudo, essa não era a postura dos líderes judeus:
“Ainda assim, muitos creram em Jesus, incluindo alguns dos líderes judeus. Eles, porém, não declararam sua fé abertamente, por medo de que os fariseus os expulsassem da sinagoga. Amaram a aprovação das pessoas mais que a aprovação de Deus.” (João 12:42-43 NVT)
A fé desses líderes era fraca e superficial; eles ainda não se comprometeram completamente com a revelação da glória de Cristo. A glória humana parecia-lhes mais atraente, e por isso não estavam dispostos a renunciar à glória de Cristo. A verdadeira fé, oriunda da contemplação da glória de Deus em Cristo, nos humilha ao revelar nossa condição pecaminosa, mas também nos transforma, conduzindo-nos ao arrependimento e inspirando-nos a amar a glória de Deus mais do que o reconhecimento humano.