Leia Hebreus 6:4-6
“Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro, e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério.”
Como observado anteriormente, os gálatas enfrentavam uma questão relacionada à circuncisão, enquanto os hebreus se deparavam com o desafio de retornar ao judaísmo e as antigas práticas da Lei cerimonial. Ambos consideravam esses caminhos como meios de justificação. Agora, torna-se mais claro entender por que os “iluminados recaíram”. O pecado deles não se limitava aos erros comuns do cotidiano, pois os pecados diários dos eleitos já foram redimidos por Deus através de Cristo (leia Romanos 8:33-39; 1 João 2:1,2). O problema dos hebreus estava na negação da fé e da promessa (leia Romanos 4:14).
É essencial destacar que, nem Paulo, nem o autor aos Hebreus estão emitindo alguma forma de revelação sobre o estado espiritual daqueles que recaíram. De forma alguma! Os dois autores estão se dirigindo à Igreja visível de Cristo de maneira exortativa, e emitindo um aviso solene a partir da visível apostasia.
A salvação é uma promessa, e nos tornamos herdeiros não por esforço próprio, mas a justiça de Deus nos é dada por intermédio da fé, que é um dom de Deus (leia Romanos 5:1; Filipenses 3:9). Na justificação, recebemos algo que está fora de nós, algo que nos é dado, não é conquistado por mérito próprio. Deus não se relaciona com pecadores, exceto através da justiça de Seu Filho.
O autor da carta aos hebreus não se refere a pecados cotidianos cometidos por aqueles que estão sendo santificados em Cristo, mas a um problema muito mais sério. Para os salvos, a influência do pecado ainda é uma questão nesta vida terrena, sendo necessário um Advogado (leia 1 João 2:1). É por meio de Jesus, nosso Advogado e propiciação, que o pecado não nos condena, por possuirmos a justiça de Cristo.
Você sabe o que significa “propiciação”? Significa afastar a ira divina daquele que merece a ira (leia João 3:36; Efésios 2:3). Portanto, permanecemos salvos, pois Deus nos vê através da justiça de Cristo. Como poderíamos acreditar, então, que alguém poderia ser salvo um dia e perder a salvação em outro? Se afirmarmos isso, também teríamos que negar a presença de um Advogado; ou se houvesse um, ele seria fraco, o que contradiz o ensinamento de João: “Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado”.
Aqueles que pensam que pecados diários os privam da salvação devem considerar algumas perguntas básicas: Quanto tempo podemos considerar que estamos salvos? Quanto tempo você passa sem pecar em um dia: trinta segundos? Um minuto? Cinco minutos? Quem pode garantir que não está pecando agora mesmo? Seria perturbador viver sob essa incerteza, pensando que agora estou salvo, mas em cinco minutos posso não estar mais.
Vejamos:
“Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro…” (Hebreus 6:4,5)
Se pararmos aqui, não podemos afirmar que o autor da carta aos hebreus estava falando de uma fé temporária ou de uma conversão falsa. No entanto, a confirmação se encontra no versículo 6:
“…e recaíram, [é impossível que] sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério.”
O que significa “de novo crucificaram o Filho de Deus”? Isso implica que esses “irmãos” estavam praticando obras da Lei, um caminho totalmente oposto à graça. Eles voltaram a seguir a Lei em busca de justificação, negando assim o sacerdócio de Cristo, a nova aliança e toda a obra vicária, retrocedendo ao farisaísmo que Jesus tanto condenou. Além disso, por estarem buscando justificação pelas obras da Lei, é possível concluir que não foram genuinamente justificados. Portanto, não foram regenerados, já que somente os não regenerados seriam capazes de cometer tal pecado. Que tipo de regeneração seria essa que não foi capaz de mantê-los no caminho da graça?
Portanto, a afirmação “Uma vez salvo, sempre salvo” não pode ser aplicada a esses “iluminados”, pois, na verdade, eles permaneceram em Adão e não em Cristo (leia 1 Coríntios 15:22). Em Adão, todos estão naturalmente condenados; em Cristo, todos os eleitos são vivificados!