Leitura Bíblica: Marcos 9:14-29
Versículo-chave: “‘Se puder?’, perguntou Jesus. ‘Tudo é possível para aquele que crê’.” (Marcos 9:23 NVT)
Quando Jesus, acompanhado por Pedro, Tiago e João, desceram do monte, encontraram os demais discípulos envolvidos em um debate com os mestres da lei, enquanto uma multidão se aglomerava ao redor deles. Assim que a multidão avistou Jesus, cessaram imediatamente a discussão e correram em Sua direção.
Jesus então indagou sobre o motivo daquela contenda. Um pai angustiado se adiantou para relatar sobre seu filho, que estava dominado por um espírito maligno que o impedia de falar. O homem descreveu detalhadamente as crises que o acometiam sempre que o espírito se manifestava e, por fim, falou: “Pedi a seus discípulos que expulsassem o espírito impuro, mas eles não conseguiram” (Marcos 9:18 NVT).
Possivelmente, foi a incapacidade dos discípulos de expulsar o demônio que desencadeou a discussão com os mestres da lei, que questionaram sua legitimidade. Jesus repreendeu a falta de fé dos discípulos e, logo depois, ordenou que trouxessem o menino até Ele. Assim que o espírito maligno viu Jesus, “causou uma convulsão intensa no menino e ele caiu no chão, contorcendo-se e espumando pela boca” (Marcos 9:20 NVT). Então, o pai suplicou que Jesus intervisse, se pudesse.
“‘Se puder?’, perguntou Jesus. ‘Tudo é possível para aquele que crê’.” (Marcos 9:23 NVT)
Neste momento, Jesus não estava afirmando que a fé humana possui um poder sobrenatural por si mesma, mas desejava corrigir a insegurança daquele pai: a questão não era se Jesus podia, mas se o homem confiava. O “tudo é possível” se referia à certeza de que Deus pode agir conforme Sua soberania.
O poder não está na força ou intensidade da crença, mas na Pessoa em quem se crê — o Deus Todo-Poderoso. A frase de Jesus não sugere que qualquer desejo humano será automaticamente realizado, mas destaca que não existem limites para aquilo que Deus é capaz de operar por meio da fé, segundo Seu propósito.
Então, o pai expressou o dilema que tantos discípulos de Cristo já enfrentaram ou estão enfrentando: “Eu creio, mas ajude-me a superar minha incredulidade” (Marcos 9:24 NVT). Queremos acreditar plenamente, mas muitas vezes nos vemos cercados por dúvidas. Portanto, o que Jesus ensinou é que esse “tudo é possível” está sempre submetido à vontade soberana de Deus, e a verdadeira fé consiste em descansar nessa realidade. A resposta de Jesus ao pai do menino continua sendo, para nós, um convite a abandonar a incredulidade e confiar.
Ao perceber que a multidão aumentava rapidamente, Jesus ordenou ao espírito maligno que saísse do menino. O espírito gritou, causou uma última e violenta convulsão no menino e finalmente o deixou, deixando-o como se estivesse morto. Mas Jesus segurou a mão do garoto, ajudando-o a se levantar, e o devolveu ao pai.
Mais tarde, quando estavam a sós com Jesus, os discípulos Lhe perguntaram por que não haviam conseguido expulsar aquele espírito maligno. Jesus explicou que aquela casta (ou espécie) seria expulsa somente mediante a oração. Apesar de já terem testemunhado muitos milagres, os discípulos buscavam os frutos da fé sem cultivá-la adequadamente.
Os discípulos confiaram em suas experiências anteriores — afinal, já haviam expulsado espíritos malignos antes (Marcos 6:13) — mas desta vez se depararam com uma situação mais desafiadora. Jesus não estava afirmando que uma oração naquele instante resolveria o problema, mas estava ensinando que uma vida de comunhão constante com Deus, marcada pela oração, fortalece o discípulo para enfrentar desafios espirituais maiores. Orar demonstra dependência total de Deus, reconhecendo que o poder sobre o mal não está em nós, mas unicamente nEle!