Leitura Bíblica: Tiago 4:15-16
Versículo-chave: “O que devem dizer é: ‘Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isso ou aquilo’.” (Tiago 4:15 NVT)
Tiago apresenta uma correção bíblico-teológica à soberba e à autossuficiência denunciadas no versículo 13, confrontando diretamente essa mentalidade e reafirmando a completa dependência do ser humano em relação a Deus — um lembrete de que o homem é pó e sua existência é passageira como um sopro (Salmos 103:14-16).
Tiago não faz uma sugestão, mas utiliza uma construção que expressa obrigação: “O que devem dizer é…”, criando, assim, um contraste com a postura dos negociantes e comerciantes que ignoravam a vontade de Deus e se orgulhavam de seus próprios planos.
Portanto, em vez de declarar: “Hoje ou amanhã iremos a determinada cidade e ficaremos lá um ano. Negociaremos ali e teremos lucro” (Tiago 4:13 NVT), devemos afirmar: “Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isso ou aquilo’” (Tiago 4:15 NVT). Trata-se de uma declaração que expressa uma possibilidade real, mas não garantida, ressaltando a total dependência da vida humana diante de Deus – o reconhecimento sincero de que toda iniciativa do homem está sujeita à vontade soberana do Senhor.
Essa atitude submissa – “se o Senhor quiser” – reflete o ensino de Jesus na oração do Pai-Nosso:
“Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu.” (Mateus 6:10 NVT)
O apóstolo Paulo também adotava essa forma de expressão em suas cartas e planos de viagem, evidenciando que o desenrolar dos acontecimentos está nas mãos de Deus, e não sob o controle humano:
“Ao despedir-se, Paulo disse: ‘Voltarei depois, se Deus quiser’.” (Atos 18:21 NVT)
“Mas eu irei, e logo, se o Senhor permitir.” (1 Coríntios 4:19 NVT)
Dessa forma, em lugar de planejar segundo uma lógica meramente humana, comercial ou centrada em si mesmo, o cristão é chamado a reconhecer que Deus é o Senhor do tempo, do futuro e da própria existência. Assim, não se deve falar sobre o amanhã sem reconhecer explicitamente que tudo depende da vontade soberana do Senhor — este é um gesto de fé, reverência e humildade diante daquele que governa todas as coisas.
Proclamar que, “se o Senhor quiser, viveremos” é, portanto, uma confissão de fé e rendição, o reconhecimento de que a vida cristã não é um empreendimento independente, mas uma caminhada consciente de que cada respiração, cada batida do coração e cada novo dia são sustentados pela graça de Deus.
Toda forma de orgulho encontra sua raiz espiritual na rebeldia contra Deus. Assim, Tiago não apenas expõe a presunção humana, mas denuncia que “toda presunção como essa é maligna” (Tiago 4:16 NVT). Pois…
“É da natureza humana fazer planos, mas a resposta certa vem do Senhor […] É da natureza humana fazer planos, mas é o Senhor quem dirige nossos passos.” (Provérbios 16:1,9 NVT)