Leitura Bíblica: Tiago 5:20
Versículo-chave: “Saibam que quem trouxer o pecador de volta de seu desvio o salvará da morte e trará perdão para muitos pecados.” (Tiago 5:20 NVT)
Tiago encerra sua carta com um chamado pastoral. Suas palavras finais não são teóricas nem meramente doutrinárias, mas um apelo à prática da fé que se manifesta em cuidado mútuo e amor fraternal. Ele conclui exortando os cristãos a se tornarem instrumentos ativos da graça de Deus na restauração daqueles que, porventura, tenham se desviado da verdade.
Ao longo do capítulo 5, Tiago alterna entre denúncia e instrução, confrontando injustiças, estimulando a paciência dos aflitos e reforçando a importância da oração e da comunhão. Agora, em suas últimas linhas, ele destaca a responsabilidade espiritual de quem participa da restauração de um irmão caído.
A expressão “quem trouxer o pecador de volta de seu desvio” aponta para o cristão que se dispõe a agir — aquele que se importa, que intercede, que se aproxima de quem se desviou da verdade. Não se trata de alguém que possui poder para salvar outro, mas de um instrumento através do qual Deus opera o retorno do errante. “Trazer o pecador de volta” significa reorientar o coração, ajudar alguém a abandonar o caminho do engano e reencontrar a verdade.
O termo “pecador” traduz o grego hamartólos, usado para descrever o irmão que se afastou da verdade, e não um incrédulo. Tiago escreve “se algum de vocês se desviar da verdade” (Tiago 5:19 NVT), ou seja, ele está se referindo a um membro da comunidade de fé que caiu em erro doutrinário, ético ou espiritual. Assim, aquele que se dispõe a trazer este “pecador de volta de seu desvio” demonstra o mais puro amor cristão. Ele não apenas exerce misericórdia, mas coopera com o propósito de Deus. O amor que se preocupa e busca o perdido é o reflexo do amor de Cristo, que “veio buscar e salvar os perdidos” (Lucas 19:10 NVT).
Tiago continua dizendo que, quem trouxer o pecador de volta “o salvará da morte e trará perdão para muitos pecados”. A salvação da morte refere-se à libertação da “segunda morte”, a condenação eterna (Apocalipse 20:14-15). Quem é restaurado é arrancado do caminho que o conduzia à destruição. Já a expressão “trará perdão para muitos pecados” remete à promessa do perdão de Deus, como descrito em Salmos 32:1; 85:2, e também na carta do apóstolo Pedro que diz: “o amor cobre muitos pecados” (1 Pedro 4:8 NVT).
Esta exortação final de Tiago não é uma conclusão formal, mas uma convocação viva à responsabilidade cristã. O autor não encerra sua carta com saudações, mas com um chamado àqueles que, mesmo em meio aos sofrimentos, ainda estavam em condições de ajudar outros, segundo a sabedoria que Deus lhes havia concedido (Tiago 1:5). Portanto, ser instrumento de reconciliação é participar da missão de Deus. Quando, em Cristo, ajudamos alguém a retornar à verdade, estamos colaborando com o propósito eterno de Deus e ecoando o poder da cruz no tempo presente.
Que a boa mão do Senhor esteja sobre nós, abençoando e conduzindo-nos, a fim de que possamos perseverar com confiança, servir com compaixão e compartilhar, com humildade, a graça que recebemos.




