Leia Filipenses 3:12
“Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também conquistado por Cristo Jesus.”
As boas novas da fé cristã nos ensinam que não apenas somos justificados pela justiça de outra Pessoa – a saber, Cristo – mas também não precisamos esperar até sermos completamente santificados para sermos aceitos na presença de Deus. A santificação é o processo pelo qual aqueles que são declarados justos são também santificados (separados para uso exclusivo do Senhor). No momento em que somos justificados, uma verdadeira transformação ocorre em nós pelo Espírito Santo, conduzindo-nos a uma crescente conformidade à Pessoa de Cristo.
A Palavra de Deus, claramente, demonstra que a nossa salvação não é o fim em si mesma, mas o início de uma jornada cristã em que nos tornamos filhos de Deus e progredimos em santificação, alinhando-nos com o propósito final de Deus para nós. O fruto da santificação é um ato sobrenatural de Deus em nós, que começa com a regeneração e envolve o contínuo abandono do pecado em direção a Jesus Cristo, tendo-O como nosso padrão.
A santificação nunca será concluída nesta vida, e por isso Paulo escreveu: “Não que já tenha alcançado ou que seja perfeito”. Embora não sejamos perfeitos – e nunca o seremos enquanto estivermos neste mundo – nosso objetivo é buscar a perfeição, como o apóstolo afirmou: “Prossigo para alcançar aquilo para o que fui também conquistado por Cristo Jesus”.
O pecado ainda exercerá influência sobre nós, e qualquer ideia de perfeccionismo espiritual que alegue que os crentes não pecam é contrária ao ensinamento bíblico (leia Eclesiastes 7:20; 1 João 1:8). O que nos diferencia de nossa condição anterior é que não mais nos deleitamos no pecado; podemos dizer que o pecado é uma exceção na vida dos regenerados, pois ele ainda nos influencia, embora não tenha mais controle sobre nós!
Isso ressalta a necessidade de todo regenerado desenvolver novos hábitos por meio da prática da verdade em amor (leia Efésios 4:15), pois a graça de Deus é educadora (leia Tito 2:11-15) e atua através da Escritura que é “divinamente inspirada, é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2 Timóteo 3:16,17). Dessa forma, a santificação é um processo guiado pelo Espírito Santo, e envolve uma nova “alfabetização” espiritual sob a orientação da Palavra de Deus.
Assim, precisamos ter cuidado para não cairmos no quietismo (passiva) ou no pietismo (ativa) exagerados. Ambos acreditam que a salvação é pela graça, por meio da fé, mas discordam quanto ao processo de santificação. Os quietistas menosprezam o esforço do cristão e podem promover a irresponsabilidade e apatia espiritual. Os pietistas exageram no incentivo ao esforço humano e tendem a provocar o orgulho e o legalismo.
Qual é a solução, então? Buscarmos o equilíbrio! Observe:
“Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor [pietismo]; pois Deus é quem efetua em vós [quietismo]tanto o querer quanto o realizar, segundo a sua boa vontade” (Filipenses 2:12-13).
Aqui encontramos um perfeito equilíbrio: o texto nos exorta a agir, mas enfatiza que é Deus quem está operando em nós, capacitando-nos tanto para querer quanto para realizar. Ou seja, a responsabilidade humana não anula a Soberania de Deus, assim como a Soberania de Deus não anula a responsabilidade humana. Portanto, todos os crentes são chamados a esforçar-se e ser diligentes em viver uma vida santa (leia 2 Coríntios 7:1; Efésios 4:10); trabalhando não pela salvação, mas em sua salvação, enquanto caminha em busca da santidade e em direção à consumação da fé.