Leitura Bíblica: Filemom 1:20-25
Versículo-chave: “Sim, meu irmão, faça-me essa gentileza no Senhor. Reanime meu coração em Cristo!” (Filemom 1:20 NVT)
A carta de Paulo a Filemom tem estreita relação com a carta à igreja em Colossos. Foram escritas do mesmo lugar, enviadas à mesma cidade (Colossenses 4:8-9) e redigidas pelo mesmo apóstolo. A carta a Filemom não contém instrução direta referente à doutrina, mas nos oferece instrução prática sobre a prática do perdão.
Assim como Filemom, também nos encontramos muitas vezes em situações onde fomos feridos, onde a confiança foi rompida, e onde a justiça, aos olhos humanos, exigiria retribuição e não reconciliação. No entanto, o apelo de Paulo atravessa nosso impulso natural de retaliação e nos convida a enxergar com os olhos de Cristo.
“Sejam compreensivos uns com os outros e perdoem quem os ofender. Lembrem-se de que o Senhor os perdoou, de modo que vocês também devem perdoar.” (Colossenses 3:13N NVT)
Perdoar não é esquecer o passado ou justificar o erro, mas libertar-se da amargura. É reconhecer que, assim como recebemos uma graça imerecida, somos chamados a estendê-la — especialmente quando parece impossível.
Contudo, dizer “eu te perdoo” é uma coisa; dizer “eu te recebo de volta como irmão em Cristo” é outra. Paulo não pediu apenas que Filemom perdoasse Onésimo; pediu que o acolhesse, que o restaurasse, que o amasse — não como servo retornado, mas como igual diante de Deus. Ele insiste:
“Sim, meu irmão, faça-me essa gentileza no Senhor. Reanime meu coração em Cristo!” (Filemom 1:20 NVT)
A expectativa de Paulo era que Filemom desse boas-vindas a Onésimo, o perdoasse (Filemom 1:17-19) e talvez até o libertasse (Filemom 1:21). A reconciliação verdadeira exige vulnerabilidade, humildade e coragem para reconstruir confiança onde ela foi destruída. Estaríamos dispostos a fazer o mesmo? Esta carta convida o empregador a reconhecer a dignidade do trabalhador como irmão em Cristo, e não como um recurso a ser explorado; convida a igreja a acolher os que falharam, não com julgamento, mas com restauração; desafia as famílias a escolher o amor ao invés do afastamento.
É fácil se perguntar como Filemom respondeu ao apelo de Paulo. Mas a verdadeira pergunta não é sobre ele, é sobre nós. Como responderemos? Seremos como Paulo, que intercede? Ou nos manteremos neutros, distantes, insistindo na nossa própria justiça?
A carta a Filemom não nos deixa indiferentes, ela exige uma decisão. Podemos nos apegar às feridas, ou podemos escolher o caminho de Cristo — o caminho que enxerga além da ofensa e vislumbra a realidade da redenção. Assim como Onésimo teve coragem de voltar e Paulo de interceder, Filemom precisou ter coragem de perdoar.
A mensagem de Filemom, embora breve, continua viva porque não é apenas uma história antiga — é um chamado para o presente, um convite a viver o Evangelho, colocando em prática o perdão que recebemos. Pois, no fim, a carta a Filemom fala ao coração de todo aquele que já lutou para perdoar, que já enfrentou relacionamentos em ruínas, que já sentiu o peso da injustiça.
Ela nos desafia a crer que o Evangelho é poderoso o bastante para transformar até o mais doloroso dos vínculos. E nos lembra de que, em Cristo, somos todos amados, redimidos e feitos nova criatura!
“Pois não me envergonho das boas-novas a respeito de Cristo, que são o poder de Deus em ação para salvar todos os que creem, primeiro os judeus, e também os gentios.” (Romanos 1:16 NVT)



