Leia Mateus 13:10,11
“E, acercando-se dele os discípulos, disseram-lhe: ‘Por que lhes falas por parábolas?’ Ele, respondendo, disse-lhes: ‘Porque a vós é dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não lhes é dado’.”
A encarnação de Cristo, a expiação, a intercessão, a regeneração, a nossa justificação e santificação, a glorificação e, de fato, todos os aspectos da redenção, desde o início até o fim, representam os “mistérios do Reino dos Céus” que jamais poderiam ter sido descobertos sem a revelação divina (leia 1 Coríntios 15:51,52; Efésios 3:9; Colossenses 1:26,27).
A dádiva de “conhecer os mistérios do Reino dos Céus” é conferida gratuitamente aos discípulos de Cristo; portanto, o conhecimento se apresenta como uma dádiva de Deus, já que “o conhecimento e o entendimento vêm da boca do Senhor” (Provérbios 2:6). Dessa forma, à medida que nos aproximamos de Cristo, nos familiarizamos cada vez mais com os mistérios do Evangelho.
Também há aqueles para os quais esse conhecimento é inacessível, “não lhes é dado”, uma vez que o ser humano não pode adquirir nada a menos que seja concedido do alto (leia João 3:27). A graça é exclusivamente pertencente a Deus, e Ele a concede ou a retém de acordo com a Sua vontade (leia Romanos 11:34,35).
A Parábola do Semeador estabelece o fundamento sobre frutificar espiritualmente, ilustrando que o segredo para frutificar reside em receber a Palavra de Deus com as disposições internas corretas. De acordo com essa parábola, há quatro tipos de solo, mas apenas o quarto é capaz de produzir frutos. Embora o ouvir a Palavra de Deus seja a pré-disposição para a fertilidade, muitos a ouvem sem produzir frutos, pois suas condições internas são inadequadas!
Quando alguém ouve a Palavra, mas não a compreende (leia Mateus 13:4,19), o Maligno vem e arrebata o que foi semeado em seu coração. Esse é o caso do solo “à beira do caminho”. Se a Palavra de Deus é ouvida, mas não compreendida, ela não gerará frutos, resultando na permanência de uma vida espiritual estéril. Caso a Palavra de Deus não seja absorvida pela mente, por meio da compreensão, ela provavelmente se perderá, como se a pessoa nunca tivesse ouvido.
Em relação ao “solo rochoso” onde a semente foi lançada (leia Mateus 13:5-6; 20-21), descreve alguém que, prontamente recebe a Palavra de Deus, mas, uma vez que ela não tem raiz, não retém o que ouviu. Logo, quando confrontada por adversidades e perseguições, “abandona a Palavra”.
O excesso de preocupações mundanas também acarreta esterilidade espiritual (leia Mateus 13:7,22); esse é o cenário do solo onde “os espinhos” estão presentes. Quando a pessoa permite que as preocupações mundanas dominem sua mente, consequentemente, sua vida espiritual se torna infrutífera, pois “ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom” (Mateus 6:24).
Em contrapartida a esses tipos de solo, a “terra boa” (leia Mateus 13:8) representa aqueles que “ouvindo a palavra, a conservam num coração honesto e bom, e dão fruto com perseverança” (Lucas 8:15). Esta pessoa não apenas compreende o que ouve (leia Mateus 13:23), mas também enfrenta as perseguições e dificuldades com firmeza, sem comprometer o entendimento que lhe foi concedido. Por isso, “frutifica com perseverança”.
Assim, alguém que, pela graça divina, se torna espiritualmente produtivo ao ouvir a Palavra, a compreende, enfrenta as adversidades e mantém uma mentalidade espiritual, e não mundana. Pela graça de Deus, as verdades bíblicas transformam sua cosmovisão, resultando em mudanças significativas em seu comportamento. Ela se recusa a deixar que o mundo determine suas prioridades, pois está sendo transformada pela Palavra de Deus (leia Romanos 12:2). “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!” (Mateus 13:9); pois aqueles que ouvem, e obedecem, se tornam espiritualmente frutíferos. Portanto…
“Sejam praticantes da Palavra, e não apenas ouvintes, enganando vocês mesmos. Aquele que ouve a Palavra, mas não a põe em prática, é semelhante a um homem que olha a sua face num espelho e, depois de olhar para si mesmo, sai e logo esquece a sua aparência. Mas o homem que observa atentamente a lei perfeita, que traz a liberdade, e persevera na prática dessa lei, não esquecendo o que ouviu mas praticando, será bem-aventurado naquilo que fizer.” (Tiago 1:22-25)