Leia Tiago 1:19
“Portanto, meus amados irmãos, todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar.”
Desenvolver a habilidade de ouvir benevolentemente nem sempre é uma tarefa fácil. Estar verdadeiramente disposto a ouvir em silêncio é ainda mais desafiador. Porque o ato de ouvir vai além do simples silêncio; envolve discernimento para avaliar cuidadosamente o que se ouve e, se necessário, agir em conformidade. Salomão destacou essa virtude ao afirmar:
“As palavras dos sábios devem em silêncio ser ouvidas, mais do que o clamor do que domina entre os tolos.” (Eclesiastes 9:17)
Salomão possuía uma habilidade peculiar para ouvir. Nas Escrituras lemos que ele ouviu atentamente duas prostitutas que apresentaram uma questão crucial sobre a vida ou morte de um filho. Somente após ouvir cuidadosamente ambas as partes, ele deu uma resposta que trouxe solução para o dilema (leia 1 Reis 3:16-28). Da mesma forma, ele ouviu com atenção as intrigantes perguntas da rainha de Sabá, respondendo de maneira que a deixou impressionada (leia 1 Reis 10:1-7). Ou seja, muitos querem estar preparados para falar, mas, antes, estar preparado para ouvir é fundamental.
E o que fazer com o que ouvimos? Qual é a melhor maneira de proceder?
Quando a situação não está claramente definida na Bíblia, devemos continuar orando a Deus por discernimento sobre como agir. É mais sensato ser “tardio para falar” do que falar precipitadamente, conforme a orientação dos Provérbios:
“Quem responde antes de ouvir comete insensatez e passa vergonha.” (Provérbios 18:13)
O Senhor Jesus Cristo é nosso exemplo supremo em todas as coisas. O profeta Isaías descreveu o caráter do Messias de forma precisa:
“O Soberano, o Senhor, deu-me uma língua instruída, para conhecer a palavra que sustém o exausto. Ele me acorda manhã após manhã, desperta meu ouvido para escutar como alguém que está sendo ensinado.” (Isaías 50:4)
Esta conscientização deve ser tanto teórica quanto prática: significa aprender com dedicação e discernimento, vivendo com a sabedoria que resulta de um relacionamento com “o Soberano, o Senhor que lhe deu uma língua instruída para conhecer (e dizer) uma palavra que sustenta o cansado”.
Em todas as circunstâncias, devemos buscar discernimento, refletir sobre a Palavra e retê-la, assim como “os ouvidos dos sábios que buscam conhecimento” (leia Provérbios 18:15). Isso nos impede de falar ou agir impulsivamente, pois “quem se apressa faz escolhas erradas” (Provérbios 19:2). A verdadeira sabedoria se manifesta na moderação das palavras e no controle das emoções. Até mesmo o tolo pode parecer sábio quando permanece em silêncio:
“Quem é verdadeiramente sábio, usa poucas palavras, quem tem entendimento controla suas emoções. E até o insensato passa por sábio quando fica calado; de boca fechada, até parece sábio.” (Provérbios 17:27,28).
É a Palavra de Deus que nos guia para a maturidade espiritual. Devemos buscar ouvir a Deus, que nos fala principalmente por meio de sua santa, infalível e inerrante Palavra. Portanto, oremos para que possamos ser “prontos para ouvir” com genuíno interesse, pedindo a Deus discernimento para interpretar o que ouvimos e sabedoria para ser “tardio para falar, tardio para irar”. Dessa forma, não nos assemelharemos àqueles a quem a carta aos Hebreus foi escrita:
“Vos fizestes negligentes para ouvir. Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das Palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite, e não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino. Mas o mantimento sólido é para os adultos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal.” (Hebreus 5:11-14)