Leia João 6:66-69
“Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele. Então disse Jesus aos Doze: ‘Quereis vós também retirar-vos?’ Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: ‘Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. E nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho do Deus vivente’.”
Qual das duas situações você consideraria pior: que uma pessoa declare abertamente que não tem qualquer interesse em Cristo ou segui-Lo por motivações erradas? Talvez alguns afirmem que não há diferença entre as duas posturas. No entanto, ao examinarmos pelo ponto de vista humano, a situação daqueles que seguem a Cristo por motivos errados é pior porque, na verdade, não estão apenas iludindo a si mesmos, mas também enganando a própria Igreja ao se comportarem como falsos discípulos.
Essa é, muitas e várias vezes, a real situação atual da Igreja. Nem todos que se unem a ela estão verdadeiramente seguindo a Cristo e, esse equívoco tem sido endossado em pregações que, na maioria das vezes, são direcionadas ao verdadeiro cristão, mas que têm pouco impacto para aqueles que não possuem a essência da fé. A ausência de confronto com relação aos desafios do discipulado tem sido uma lacuna entre os cristãos. Essa confrontação é fundamental, pois, o próprio Jesus sempre se preocupou em garantir que homens e mulheres O seguissem por motivos genuínos – como podemos observar no contexto dos versículos de hoje.
“Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele.”
Desde quando? E por que muitos retrocederam em andar com Jesus? Desde que foram confrontados com a essência do Evangelho e, quando confrontados, perceberem que estavam seguindo Jesus por razões equivocadas. Simples assim!
Anteriormente, Jesus já havia advertido a multidão, dizendo: “Na verdade, na verdade vos digo que me buscais, não pelos sinais que vistes, mas porque comestes do pão e vos saciastes“ (João 6:26). Ele já estava apontando que muitos dentre a multidão O seguiam por motivos puramente materialistas. Vieram até o Senhor (leia João 6:23,24), mas não demonstravam um interesse genuíno em segui-Lo e, quando o fizeram, tinham como primazia a motivação egoísta de saciar sua fome física.
Infelizmente, nos dias atuais, há muitos que “seguem” a Cristo por motivos semelhantes: buscam posição, reputação, cura, poder ou vantagens para seus negócios e carreiras, utilizando a Igreja como meio para alcançar seus interesses pessoais. Alguns o fazem porque acreditam que podem se beneficiar da cruz e, assim, estarão livres do inferno e castigo eterno. Diante disso, é essencial refletir sobre a real motivação daqueles que dizem seguir a Cristo.
O interessante é que Jesus também confrontou aqueles que ficaram, e tal pergunta continua válida até hoje, nos desafiando a examinarmos sinceramente nossos corações e motivações:
“Então disse Jesus aos Doze: ‘Quereis vós também retirar-vos?’”
A multidão e os Doze ouviram o mesmo “duro discurso” (leia João 6:60) haviam testemunhado o milagre da multiplicação, colocando-os em igual posição. Diante disso, Jesus questiona os Doze se também desejavam partir. Contudo, Simão Pedro respondeu com confiança:
“Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna.”
A resposta de Pedro não foi apenas emocional, mas uma expressão profunda de sua fé. Ele havia compreendido que não poderia salvar a si mesmo e reconheceu sua total dependência de Cristo. Além de reconhecer sua condição diante de Deus, ele também declara que tem certeza absoluta que não tem para quem ir, que não encontraria vida eterna em outro, senão Cristo, e ainda justifica a base da sua fé:
“E nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho do Deus vivente.”
Seguir verdadeiramente a Cristo implica crer que é Ele quem opera nossa salvação através de Seu sacrifício perfeito. Tal sacrifício não apenas nos libertou da culpa do pecado, mas também do seu poder sobre nós. No entanto, muitos têm abandonado essa verdade, o mundo tem se tornado cada vez mais impiedoso, e o homem, com seu orgulho intelectual, tem rejeitando a Palavra de Deus.
Portanto, examine-se e esquadrinhe-se a si mesmo, pois
“ninguém, que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o Reino de Deus” (Lucas 9:62).