Leitura Bíblica: Marcos 8:22-30

Versículo-chave: “‘E vocês?’, perguntou Ele. ‘Quem vocês dizem que eu sou?’ Pedro respondeu: ‘O Senhor é o Cristo!’.” (Marcos 8:29 NVT)

Depois de curar um homem cego em Betsaida, Jesus e os Seus discípulos saíram da região da Galileia. Durante a caminhada rumo a Cesareia de Filipe, Jesus lhes dirigiu a seguinte pergunta:

“Quem as pessoas dizem que eu sou?” (Marcos 8:27 NVT)

A resposta dos discípulos refletiu a visão equivocada que Herodes, juntamente com outros, já havia expressado anteriormente (Marcos 6:14-15). Nos dias atuais, também podemos observar a mesma realidade: Cristo e a mensagem do Evangelho ainda são mal interpretados e, de fato, há diversas opiniões divergentes. Embora muitos já tenham ouvido falar sobre Jesus, e até reconheçam que Ele veio ao mundo para resgatar pecadores, nem todos O veem claramente como Deus, o único Mediador e o verdadeiro Sumo Sacerdote. Assim, percepções incompletas e superficiais acerca de Cristo permanecem amplamente disseminadas.

Na sequência, Jesus se dirige diretamente aos discípulos, com uma pergunta incisiva, a fim de ouvir a resposta pessoal deles:

“‘E vocês?’, perguntou Ele. ‘Quem vocês dizem que eu sou?’ Pedro respondeu: ‘O Senhor é o Cristo!’.” (Marcos 8:29 NVT)

A declaração de Pedro — uma confissão pública, pessoal e fundamentada nas Escrituras — ocorreu justamente num momento em que Jesus enfrentava severa resistência dos líderes religiosos, quando não apresentava “nada de belo nem majestoso em sua aparência, nada que os atraísse” (Isaías 53:2 NVT). Contudo, nada disso diminuiu a convicção de Pedro, que, com ousadia afirmou: “O Senhor é o Cristo!”. Embora Pedro fosse, por vezes, impulsivo, a fé que demonstrou naquela ocasião serve como exemplo a ser seguido. Testemunhos corajosos como esse são sinais genuínos de uma fé viva.

O título “Cristo” significa “Ungido” e identifica Jesus como o Messias prometido (Daniel 9:25-26), o Salvador (João 1:29), o Rei dos reis (Isaías 9:6-7; Apocalipse 17:14), o Supremo Profeta (Deuteronômio 18:15), e o Sumo Sacerdote que intercede em nosso favor (Hebreus 4:14-16). Para Pedro, que era judeu e tinha conhecimento das promessas do Antigo Testamento, reconhecer Jesus como “o Cristo” significava identificá-Lo como o Messias esperado.

No relato de Mateus, Jesus faz um comentário importante sobre a confissão de Pedro e, logo depois, ordena que eles não divulgassem a ninguém que Ele era o Cristo (Mateus 16:15-17, 20). Já no Evangelho de Marcos aparece apenas a ordem de manter segredo (Marcos 8:30). Embora, à primeira vista, a advertência de Jesus pareça estranha, a explicação está no fato de que os judeus aguardavam um Messias que fosse um libertador político, não um servo sofredor. Entretanto, a primeira vinda de Cristo ocorreu para realizar uma libertação espiritual: o domínio do pecado. Por isso, Jesus foi cauteloso em evitar o uso público do título “Cristo” ou “Messias”, prevenindo interpretações erradas por parte do povo, das autoridades religiosas e dos governantes romanos.

Ser um cristão verdadeiro é crer e declarar — de maneira pública, pessoal e conforme as Escrituras — que Jesus é o Cristo. Seus discípulos perceberam isso claramente através das extraordinárias obras que Ele realizou. Contudo, apesar de saberem disso e de estarem destinados a proclamar essa verdade, naquele momento precisavam guardá-la em segredo, até que todas as evidências se consumassem e eles fossem plenamente preparados para proclamá-la, mediante a vinda do Espírito Santo. Somente então poderiam anunciar com autoridade a toda a nação de Israel:

“Que a esse Jesus, que vocês crucificaram, Deus fez Senhor e Cristo!” (Atos 2:36 NVT)