Leia Lucas 6:35
“Amai, pois, a vossos inimigos, e fazei bem, e emprestai, sem nada esperardes, e será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo; porque ele é benigno até para com os ingratos e maus.”
Ao refletirmos sobre o mandamento de “amar o próximo como a nós mesmos” (leia Lucas 10:27), é natural surgirem perguntas, como aquela feita por um certo doutor da lei: “Quem é o meu próximo?” (leia Lucas 10:29). No entanto, Jesus torna tal questionamento inútil ao declarar: “amai a vossos inimigos”; eliminando qualquer distinção no mandamento do amor. Portanto, os seguidores de Cristo, como “filhos do Altíssimo”, são chamados a amar o próximo como a si mesmos, ainda que esse próximo seja o seu inimigo.
Além disso, é essencial que todo cristão compreenda que, se Deus tratasse exclusivamente conosco de acordo com a justiça, enfrentaríamos a condenação inevitável – sem chance alguma de salvação. Somos culpados, orgulhosos e rebeldes, no entanto, Deus não se restringe à justiça ao lidar conosco, ao invés disso, nos concede misericórdia. E, por causa disso, somos exortados a “ser misericordiosos, como também nosso Pai é misericordioso” (Lucas 6:36).
Por misericórdia, Deus enviou o Seu Filho unigênito para levar sobre si toda a ira divina “a fim de mostrar a sua justiça neste tempo presente, para que Ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus” (leia Romanos 3:25,26). Cristo nos amou primeiro (1 João 4:19), morrendo por nós quando ainda éramos pecadores e inimigos de Deus (leia Romanos 5:8-10).
Portanto, não devemos apressadamente clamar por justiça divina contra nossos inimigos, excluindo a misericórdia. Jesus nos instrui a “amar nossos inimigos e fazer o bem”, seguindo o modelo perfeito de Deus, que “é benigno até para com os ingratos e maus”. Mesmo sendo absolutamente santo, Deus derrama Suas bênçãos de graça comum sobre todos; por isso, não deveríamos negar amor e compaixão àqueles que também são alvos das bênçãos divinas.
O mandamento repetido pelos apóstolos é claro:
“Abençoai aos que vos perseguem, abençoai, e não amaldiçoeis. Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: ‘Minha é a vingança; eu recompensarei’, diz o Senhor. Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.” (Romanos 12:14,19-21)
A olhos humanos, parece impossível viver dessa maneira, não é mesmo? Somente em Cristo é possível! Para começarmos a praticar, é primordial examinar se realmente cremos na Palavra de Deus. Em seguida, devemos orar para que a vontade de Deus se cumpra em nossa vida. Assim, guiados pelo Espírito Santo e moldados à semelhança de Cristo, podemos escolher ser feridos em vez de desonrar a Deus buscando vingança pessoal contra nossos inimigos. O Senhor Jesus não faz exceções; portanto, devemos amar nossos adversários políticos, pessoas de diferentes culturas ou etnias, colegas de trabalho ou escola, pessoas com valores morais distintos dos nossos, como também os criminosos e aqueles que nos causaram sofrimento.
Amar não significa ignorar o mal ou apoiar o pecado, nem implica em defender a impunidade. Amar significa desejar o bem do outro, mesmo que esse outro seja nosso inimigo. E o melhor que podemos desejar a qualquer pessoa é o arrependimento de seus pecados e a reconciliação com Deus. Se o Senhor Jesus nos concedeu o privilégio da reconciliação – apesar de ter todo o direito de negá-lo – quem somos nós para negar amor e perdão aos nossos inimigos?
“Vós também, que noutro tempo éreis estranhos, e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora contudo vos reconciliou no corpo da sua carne, pela morte, para perante ele vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis.” (Colossenses 1:21,22)
Portanto, glorifiquemos a misericórdia de Deus ao orar pela salvação e reconciliação dos nossos inimigos.