Leia Mateus 25:24,25
“Mas, chegando também o que recebera um talento, disse: ‘Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste; e, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu’.”
Em Mateus 25:14-30 (leia), Jesus avança na explanação do dia de sua vinda e, na Parábola dos Talentos, Ele revela que será um dia de prestação de contas. Nesse momento, alguns serão revelados como negligentes, enquanto outros serão elogiados por sua fidelidade.
A parábola descreve um mestre que se prepara para uma jornada. Antes de partir, ele confia variados recursos a seus servos, com uma única expectativa: que esses recursos sejam multiplicados em prol de seu reino. Os servos agraciados com cinco e dois talentos prontamente os investem e geram ganhos significativos, dobrando o valor confiado por seu mestre. No entanto, o servo designado a um talento “abriu uma cova e escondeu o dinheiro do seu senhor” (Mateus 25:18). “Depois de muito tempo”, o mestre retorna para o devido ajuste de contas (Mateus 25:19).
Todos os servos são chamados a prestar contas, revelando sua mordomia sobre os recursos confiados a eles. No dia da prestação de contas, a verdade sobre a atuação de cada servo torna-se transparente. Para aqueles que estão enraizados em Cristo, esse dia não deve ser motivo de temor, mas sim uma ocasião para a qual devemos nos preparar com alegria.
O servo mau não apenas peca pela negligência, mas também por ser extremamente perverso. Nas contradições de suas palavras ele revela egoísmo e incapacidade de reconhecer a benevolência de seu senhor. Veja seu argumento:
“Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste; e, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu.”
Neste momento, o servo não está elogiando o seu senhor, mas, de fato, apresenta desculpas por sua negligência e, adicionalmente, acusa o senhor de ser injusto. Ao mencionar que ele “colhe onde não semeou”, sugere que seu senhor está exigindo algo que não merece, implicando que “aquele que não semeia, não deveria colher”. Mas, a realidade é que o senhor somente agiria de modo injusto se estivesse cobrando colheita de onde não plantou, o que não ocorreu, já que ele confiou um talento ao servo. Além disso, uma vez que, ao devolver somente o talento, o servo não liquida sua dívida completa. O senhor teria direito ao rendimento também, afinal, o talento era seu. Mas o lucro não foi obtido (Mateus 25:27) e, assim, o servo negligente passa a ser um devedor.
Portanto, receber um, dois, ou até cinco talentos não significa ser aprovado por Deus. É vital não confundir os talentos com a graça salvadora de Deus. Pior ainda, não devemos confundir a administração dos talentos como um meio de salvação. No contexto do julgamento vindouro, os talentos não possuem o poder de absolver qualquer indivíduo (leia Mateus 7:22,23).
Para aqueles que estão em Cristo, é vital lembrar que o Senhor nos considera mordomos de seus recursos e nos confiou diversas habilidades, aptidões e oportunidades que talvez estejamos subestimando. Portanto, é pertinente a reflexão: o que Deus me confiou que eu possa estar negligenciando?
Além disso, é primordial recordar que o cristão verdadeiro será convidado a “partilhar da alegria de seu Senhor” e a se unir à mesa que anteriormente não possuía direito algum de participar. Essa inclusão não se fundamenta em méritos próprios, mas nos méritos de Cristo que, além de redimir, confia a seus servos recursos para servi-Lo. Firmado nisto, o servo fiel será mantido até o final, preservado para perseverar até o fim e estar presente no grande banquete celestial.
Soli Deo Gloria!