Leitura Bíblica: Marcos 8:31-38

Versículo-chave: “Depois, chamou a multidão e os discípulos e disse: ‘Se alguém quer ser meu seguidor, negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me’.” (Marcos 8:34 NVT)

Diante da declaração pública, pessoal e bíblica de Pedro, Jesus, pela primeira vez, revelou aos Seus discípulos o que realmente significava ser o Cristo (ou o Messias): Ele passaria por sofrimento e seria rejeitado, não apenas pelas autoridades gentias, mas também pelos líderes religiosos judeus, como os anciãos, os principais sacerdotes e os mestres da lei; “seria morto, mas três dias depois ressuscitaria” (Marcos 8:31 NVT).

Jesus compartilhou essa verdade com os discípulos de maneira direta, sem recorrer a parábolas ou figuras, para que todos pudessem compreender claramente. Pedro, que havia sido rápido em reconhecer Jesus como o Cristo, infelizmente também foi ágil em repreendê-Lo, recusando-se a aceitar que o Messias precisaria sofrer e morrer.

Mas Jesus também foi rápido em corrigir Seu discípulo:

“‘Afaste-se de mim, Satanás!’, disse Ele. ‘Você considera as coisas apenas do ponto de vista humano, e não da perspectiva de Deus’.” (Marcos 8:33 NVT)

Jesus não estava chamando Pedro literalmente de Satanás, tampouco sugerindo que ele estivesse possesso. O que Cristo estava mostrando é que Pedro, naquele momento, estava agindo conforme a maneira de pensar de Satanás: tentando desencorajar Jesus de obedecer plenamente à vontade do Pai.

De fato, Jesus era o Messias prometido. Porém, não poderia haver verdadeira glória sem antes enfrentar a dor e o sofrimento da cruz. Sem a Sua morte e subsequente ressurreição, não haveria possibilidade de expiação dos pecados, e, consequentemente, não haveria salvação. Resistir à verdadeira compreensão sobre o papel do Messias é, na prática, opor-se à vontade de Deus.

Jesus tinha plena consciência de que essa mesma armadilha também rondaria os Seus seguidores: a tentação de buscar preservar a própria vida e de preferir um caminho mais fácil, evitando a cruz. Por esse motivo, chamando tanto a multidão quanto os discípulos, Jesus falou com clareza:

“Se alguém quer ser meu seguidor, negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.” (Marcos 8:34 NVT)

Negar a si mesmo significa renunciar aos impulsos egoístas, optando intencionalmente por um caminho marcado por rejeição, sofrimento e até mesmo pela morte. Isso inclui abrir mão de confortos pessoais, prazeres deste mundo, ambições, riquezas materiais e até da própria vida. Em outras palavras, quem deseja seguir a Jesus precisa estar disposto a uma vida de abnegação e, inevitavelmente, a enfrentar o sofrimento.

Cristo fez questão de deixar claro para Seus discípulos e para a multidão que esse princípio de sofrimento também se aplicaria a todos que O seguissem. É fácil afirmar que somos seguidores de Jesus quando tudo vai bem; no entanto, quem realmente deseja ser identificado como discípulo de Cristo deve se identificar com Ele, mesmo que isso implique rejeição e dor.

Negar a si mesmo não quer dizer odiar-se ou recusar o necessário para a sobrevivência, mas significa entregar o controle da própria existência completamente a Cristo. Além disso, quem carregava a cruz sabia que caminhava rumo à sua execução; logo, tomar a cruz representava, antes de tudo, uma declaração pública, não uma escolha secreta. Por isso, Jesus advertiu que aqueles que buscam evitar a vergonha por causa dEle enfrentarão uma reprovação ainda maior “quando o Filho do Homem vier na glória de seu Pai com os santos anjos” (Marcos 8:38 NVT).

Portanto, se optarmos por nos preservar das dificuldades e desconfortos que surgem ao nos identificarmos com Jesus, perderemos a vida plena que Ele promete: a vivência de um relacionamento frutífero com Ele agora e a recompensa eterna no futuro. Por outro lado, se estivermos dispostos a perder a vida por amor a Cristo e ao Evangelho — negando-nos a nós mesmos, seguindo os valores do Reino expressos na Palavra e assumindo publicamente nossa identidade com Jesus —, alcançaremos a verdadeira vida: uma comunhão íntima com Deus no presente e uma recompensa incomparável no porvir!