Leitura Bíblica: Tiago 4:2
Versículo-chave: “Querem o que não têm, e até matam para consegui-lo. Invejam o que outros possuem, lutam e fazem guerra para tomar deles. E, no entanto, não têm o que desejam porque não pedem.” (Tiago 4:2 NVT)
Tiago prossegue, de maneira firme e contundente, tratando sobre os prazeres que, em conflito dentro de nós, geram os piores tipos de consequências. Depois de afirmar que os leitores “querem o que não têm”, Tiago acrescenta que “até matam para consegui-lo”. Aqui, ele não está, necessariamente, descrevendo crimes julgados por tribunais humanos, mas atitudes homicidas diante de Deus – o que corresponde com a declaração de Jesus e a carta de João:
“Vocês ouviram o que foi dito a seus antepassados: ‘Não mate. Se cometer homicídio, estará sujeito a julgamento’. Eu, porém, lhes digo que basta irar-se contra alguém para estar sujeito a julgamento. Quem xingar alguém de estúpido, corre o risco de ser levado ao tribunal. Quem chamar alguém de louco, corre o risco de ir para o inferno de fogo.” (Mateus 5:21-22 NVT)
“Quem odeia seu irmão já é assassino. E vocês sabem que nenhum assassino tem dentro de si a vida eterna.” (1 João 3:15 NVT)
Assim, Tiago denuncia o ódio e a violência que brotam do coração dominado pela cobiça. O desejo descontrolado gera inveja, e a inveja conduz à agressividade — e mesmo quando não se manifesta externamente, é considerada por Deus como um ato consumado no coração.
A expressão “invejam o que outros possuem” descreve um sentimento destrutivo, possessivo e violento — o mesmo impulso que moveu Caim contra Abel, os irmãos de José contra ele, e os líderes religiosos contra Jesus. Trata-se de uma fome insaciável pelo que pertence ao outro: poder, riqueza, posição e influência.
Um pecado abre caminho para o outro: o desejo interno, seguido pela frustração, conduz ao ódio, à inveja e, por fim, ao conflito aberto — “lutam e fazem guerra”. Tiago não está se referindo a guerras literais, mas a contendas espirituais e relacionais dentro da própria comunidade de fé, expressas em favoritismos (Tiago 2:1-7), palavras destrutivas (Tiago 3:9-10) e atitudes parciais.
O versículo conclui afirmando que, após desejarem, matarem, invejarem, lutarem e guerrearem, os seres humanos ainda permanecem vazios: “não têm o que desejam”. Apesar de todo o esforço e violência, o homem nunca alcança o propósito por si mesmo. Tiago explica que a causa espiritual desse fracasso é a ausência de oração: “não têm o que desejam porque não pedem”. Em outras palavras, o autor está dizendo: “Vocês lutam entre si, mas não falam com Deus”; ou ainda, “Vocês buscam satisfazer seus desejos sem depender do Senhor”.
Dessa forma, Tiago ensina que a verdadeira conquista não se dá pela força, mas pela oração. O fracasso em alcançar o que se deseja não é culpa dos outros nem das circunstâncias, mas da falta de comunhão e confiança em Deus. Por isso, somos chamados a abandonar a lógica da violência e retomar a prática da oração verdadeira.
“Não vivam preocupados com coisa alguma; em vez disso, orem a Deus pedindo aquilo de que precisam e agradecendo-lhe por tudo que ele já fez. Então vocês experimentarão a paz de Deus, que excede todo entendimento e que guardará seu coração e sua mente em Cristo Jesus.” (Filipenses 4:6-7 NVT)