Leia Mateus 5:21,22
“Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Não matarás’; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: ‘Raca’, será réu do Sinédrio; e qualquer que lhe disser: ‘Louco’, será réu do fogo do inferno.”
Jesus continua a censurar os ensinamentos dos escribas e fariseus que, ao invés de buscar o conhecimento do Senhor e torná-Lo conhecido, simplesmente impõem fardos pesados sobre os ombros dos outros, enquanto eles próprios vivem em desacordo com a lei de Deus. Ele começa a ensinar que a verdadeira justiça vai além das ações externas, uma vez que estas se originam de motivações internas. Jesus não aboliu a lei, mas a aprimorou, como vemos quando Ele amplia o significado do sexto mandamento “Não matarás” (leia Êxodo 20:13; Deuteronômio 5:17).
“Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: ‘Raca’, será réu do Sinédrio; e qualquer que lhe disser: ‘Louco’, será réu do fogo do inferno.”
Aqui, Jesus está destacando a raiz do pecado, especificamente no caso do homicídio. Enquanto os escribas e fariseus se concentravam no ato de matar, Jesus ensina que o verdadeiro problema reside nas intenções do coração. Ele não diz apenas que a ira pode levar ao homicídio; Ele afirma que a ira, os insultos e as palavras de desprezo equivalem a violar o sexto mandamento. Assim, “encolerizar-se sem motivo contra o irmão” e proferir injúrias como “Raca” (vem da palavra aramaica “rak” e significa “cuspir”, “eu cuspo em você”; “estúpido, “idiota”, imprestável”) ou “Louco” têm a mesma gravidade de um homicídio.
A lei de Deus avalia não apenas as ações exteriores, mas também as motivações interiores. Em outras palavras, alguém que se deixa dominar pela ira e ofende o próximo pode nunca ter tirado a vida de alguém com as próprias mãos, mas, em seu coração, é tão culpado quanto um assassino. Jesus ilustra a interpretação correta da lei com dois exemplos: um relacionado à vida religiosa e outro à vida comercial:
“Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta.
Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão. Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último centavo.” (Mateus 5:23-26)
Jesus ensina que uma oferta aceitável a Deus deve vir de alguém que não guarda ressentimentos nem mágoas, e que está disposto a buscar ou oferecer perdão, conforme necessário. Deve vir de alguém que não “deixa que o sol se ponha sobre a sua ira” (leia Efésios 4:26,27). Resolver conflitos interpessoais deve preceder a adoração no altar. Da mesma forma, Ele demonstra que questões legais relacionadas a dívidas devem ser resolvidas antes de serem levadas a tribunais. Em suma, tanto o perdão quanto a reparação devem ser tratados com urgência, para que possamos viver em paz com Deus e com o próximo. Pois, como diz a Escritura:
“Se alguém diz: ‘Eu amo a Deus’, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? E dele temos este mandamento: que quem ama a Deus, ame também a seu irmão.” (1 João 4:20,21)