Leia Mateus 6:25

“Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário?”

Após explanar sobre os perigos de uma vida centrada no acúmulo de bens materiais, Jesus começa a abordar outra tendência perigosa: a ansiedade. Esta é caracterizada por uma preocupação excessiva e prejudicial com as nossas necessidades imediatas. Neste contexto, a pergunta que deve “saltar” aos nossos ouvidos é: “Não é a vida mais do que o mantimento, o corpo mais do que o vestuário?”. Esta pergunta é relevante, pois nos lembra que colocar o coração nas riquezas e temer a escassez é viver em constante insegurança, privando-se de uma vida espiritual plena.

A expressão “Por isso” vem imediatamente após as evidências apresentadas em Mateus 6:19-24 (leia), mas também precede uma nova e importante instrução do Mestre: “Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida”. Jesus instrui seus discípulos a não se preocuparem com suas necessidades físicas, e muito menos com uma vida luxuosa. Afinal, se Deus nos concedeu a vida e o corpo – elementos indiscutivelmente mais valiosos do que comida e vestimenta –, Ele não proverá também o que é necessário para nossa subsistência?

Inquietar-se por comida e bebida é ignorar a lição evidente na criação, que testemunha a providência divina (leia Mateus 6:26). Isso não significa que os discípulos devem abandonar o trabalho, pois até mesmo as aves não esperam passivamente que Deus as alimente. A questão é que os discípulos não precisam se antecipar às preocupações. Ao contrário, devem fortalecer sua fé lembrando-se de que Deus, o Pai, valoriza muito mais suas vidas do que as das aves.

Além disso, “qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?” (Mateus 6:27). A resposta é clara: ninguém pode! Pelo contrário, a ansiedade tende a encurtar, não prolongar, nossas vidas. A nossa confiança deve estar posta, suficientemente, em Deus. Isso é enfatizado na lição dos lírios do campo (leia Mateus 6:28-30).

Jesus não está incentivando a preguiça, mas demonstrando como a providência divina é tão abundante que até mesmo a grama é adornada com flores que não são produtivas, nem duradouras. Mesmo Salomão, o mais rico dos reis de Israel, não se vestia como esses campos. Portanto, “não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé?”. Em outras palavras, Jesus está ensinando que a ansiedade, inevitavelmente, tem suas raízes na incredulidade.

Os discípulos de Cristo são chamados a viver de maneira distinta das pessoas que não creem nEle e cujos objetivos se limitam ao material. Quanto a nós, devemos:

“Buscar primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas nos serão acrescentadas.” (Mateus 6:33)

Buscar a “justiça de Deus” não significa buscar justificação fora de Cristo, mas sim buscar uma vida reta, submissa à vontade divina, confiantes de que Deus proverá tudo o que necessitamos. Portanto, (pré)ocupar-se com as necessidades do amanhã não faz sentido, pois o presente já demanda muito da nossa atenção.

Portanto, “não nos inquietemos, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.” (Mateus 6:34)