Leitura Bíblica: Tiago 4:11-12
Versículo-chave: “Irmãos, não falem mal uns dos outros. Se criticam e julgam uns aos outros, criticam e julgam a Lei. Cabe-lhes, porém, praticar a Lei, e não julgá-la.” (Tiago 4:11 NVT)
Tiago dirige agora uma exortação fraternal aos seus leitores, chamando-os “irmãos” – termo que expressa não apenas comunhão, mas também a responsabilidade mútua que deve caracterizar a convivência cristã. Se todos pertencem à mesma família da fé, não deveria haver espaço para calúnias, difamações ou palavras destrutivas de uns para com os outros. O autor não está denunciando apenas atitudes isoladas, mas o hábito contínuo de falar “mal uns dos outros” – uma expressão que não se restringe a fofocas ou mentiras evidentes, mas abrange toda forma de discurso que desonra, fere, divide, marginaliza ou semeia desconfiança contra o próximo.
Tiago associa a maledicência ao ato de julgar, que não deve ser entendido como o discernimento justo e espiritual ensinado em João 7:24, mas como uma atitude presunçosa, movida pelo desejo de condenar e não de restaurar. Assim, quem fala mal e julga o irmão se coloca, na prática, como juiz e legislador – uma posição que pertence unicamente a Deus (Tiago 4:12).
Além disso, a crítica destrutiva e o julgamento humano não se limitam a ofensas interpessoais, mas atingem diretamente a Lei de Deus: “Se criticam e julgam uns aos outros, criticam e julgam a Lei”. Em outras palavras, ao usurpar o direito de julgar o outro, o cristão se coloca acima da própria Palavra de Deus, que ordena amar e servir ao próximo, não acusá-lo ou condená-lo.
Portanto, quem fala contra o irmão, fala contra a Lei; quem o julga, julga também a Lei. A maledicência e o espírito condenatório não são apenas deslizes morais, mas são, na verdade, manifestações de rebeldia contra a autoridade do próprio Deus expressa em Sua Palavra. Somos chamados a proteger a honra e a reputação de nossos irmãos. Se não houver algo edificante a ser dito, o silêncio é o caminho mais sábio.
Enquanto a humildade reconhece seus próprios limites diante de Deus e de Sua Lei, o ato de julgar o irmão revela uma soberba que ousa legislar sobre os mandamentos divinos. Por isso Tiago adverte: “Cabe-lhes, porém, praticar a Lei, e não julgá-la”. Existe um grande abismo entre obedecer e julgar a Lei, e aquele que se coloca como seu juiz, abandona a submissão que ela exige. Jesus confrontou o mesmo erro entre os fariseus, que se faziam intérpretes da vontade de Deus, mas não a cumpriam com retidão (Mateus 23:2-4). Frequentemente, os que mais se apressam em julgar (para condenar) são os que menos vivem em obediência!
Assim como Jesus, Tiago denuncia a hipocrisia religiosa de uma fé que substitui a humildade da obediência pela arrogância do julgamento:
“Somente aquele que deu a lei é Juiz, e somente Ele tem poder de salvar ou destruir. Portanto, que direito vocês têm de julgar o próximo?” (Tiago 4:12 NVT)
Sejamos atentos e prudentes! Pois quem se ocupa mais em julgar os outros do que em amar e obedecer a Deus, na verdade, se desvia do verdadeiro chamado cristão: amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo.