Leia Tito 3:3
“Porque também nós éramos noutro tempo insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias concupiscências e deleites, vivendo em malícia e inveja, odiosos, odiando-nos uns aos outros.”
O versículo de hoje destaca nossa condição passada, antes de Cristo, em vários aspectos:
“Éramos noutro tempo insensatos”, carentes de compreensão espiritual, ignorantes das realidades celestiais. Éramos “desobedientes”, teimosos, resistindo à Palavra e rebelando-nos contra as leis naturais de Deus e da sociedade. “Éramos extraviados”, afastados da verdade e santidade, assemelhando-nos a ovelhas perdidas que precisavam ser resgatadas para serem guiadas corretamente (leia Salmos 119:176).
“Servíamos a várias concupiscências e deleites”, vivendo uma vida totalmente carnal. Embora pensássemos estar desfrutando de prazeres, éramos, na verdade, escravos de nossos próprios desejos. Estávamos longe da verdadeira liberdade, “porque de quem alguém é vencido, do tal faz-se também servo” (leia 2 Pedro 2:19).
“Vivíamos em malícia e inveja”, manifestando-se no desejo malicioso e na alegria pela desventura alheia, bem como no ressentimento pelo sucesso dos outros. Esses sentimentos geravam amargura, resultando em conversas maliciosas, maus pensamentos, língua inflamada pelo inferno, depreciação e difamação mútua.
Além desses pecados, cometidos em nosso estado natural caído, quando éramos “por natureza filhos da ira”, também éramos “odiosos” e “odiávamos uns aos outros”. Os pecadores, imersos no pecado, demonstram ódio por Deus e por aqueles que seguem um caminho justo. O ódio mútuo entre os pecadores é uma característica, enquanto o amor mútuo é a marca dos cristãos.
Refletir sobre nosso passado deveria nos tornar mais humildes, compassivos e misericordiosos com aqueles que ainda estão presos ao pecado. Nossa liberdade não se deu por mérito próprio, mas pela graciosa intervenção de Deus, pelo mérito de Cristo e pela operação do Espírito.
Assim, não há razão para desprezar ou não compartilhar a mensagem do Evangelho com aqueles que ainda não foram alcançados pela graça. Pelo contrário, nossa obediência ao mandamento de “ide por todo o mundo” deve ser constante, permitindo que até mesmo aqueles que são tão indignos quanto “nós éramos noutro tempo” também obtenham misericórdia, assim como recebemos. Pois…
“Quando apareceu a benignidade e amor de Deus, nosso Salvador, para com os homens, não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador; para que, sendo justificados pela sua graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna.” (Tito 3:4-7)