Leitura Bíblica: 1 Samuel 7:1-13
Versículo-chave: “Então Samuel pegou uma pedra grande e a colocou entre as cidades de Mispá e Jesana. Deu à pedra o nome de Ebenézer, pois disse: ‘Até aqui o Senhor nos ajudou!’.” (1 Samuel 7:12 NVT)
Nos capítulos iniciais do primeiro livro de Samuel encontramos um dos episódios mais dolorosos da história de Israel: o povo de Deus foi atacado e severamente derrotado pelos filisteus nas proximidades de Ebenézer, uma pequena vila da região de Efraim. A batalha resultou na morte de mais de trinta mil homens, e, como agravante, a Arca da Aliança foi capturada pelos inimigos, provocando profunda tristeza em toda a nação.
Ao receber a notícia da derrota militar, da morte de seus filhos e da perda da arca, o sacerdote Eli caiu para trás e morreu. Sua nora, tomada pelas dores do parto em meio à tragédia, deu à luz um menino e chamou-o de “Icabode”, nome que expressava o lamento nacional: “foi-se embora a glória de Israel” (1 Samuel 4:18-22).
Em meio a esse cenário de fracasso e luto, a Palavra do Senhor veio a Samuel com uma exortação clara ao povo – abandonar os deuses estrangeiros, voltar-se inteiramente ao Senhor e servi-lo com fidelidade. Somente assim experimentariam libertação e vitória (1 Samuel 7:1-3). O povo atendeu ao chamado, e Deus lhes concedeu uma vitória surpreendente sobre seus inimigos.
“Então Samuel pegou uma pedra grande e a colocou entre as cidades de Mispá e Jesana. Deu à pedra o nome de Ebenézer, pois disse: ‘Até aqui o Senhor nos ajudou!’.” (1 Samuel 7:12 NVT)
O nome “Ebenézer” remete justamente ao lugar onde Israel havia sido atacado, derrotado e privado da Arca da Aliança. Ao erguer aquele memorial, Samuel não apaga a memória da derrota, mas a ressignifica à luz da graça de Deus. Ele olha para o passado, reconhece e confessa que a vitória presente não foi fruto da força humana, mas da intervenção misericordiosa do Senhor. Assim, Samuel nos ensina que a mão de Deus deve ser reconhecida não apenas na vitória, mas também no fracasso; não apenas no conforto, mas na disciplina; não apenas no afago, mas também na correção.
Ao chegarmos ao final de mais um ano, somos naturalmente levados a fazer retrospectivas: o que alcançamos, o que perdemos, o que ficou pelo caminho. Contudo, a Bíblia nos conduz a um exercício ainda mais profundo e verdadeiro: discernir a presença constante e fiel de Deus em toda a nossa jornada.
“Ebenézer” nos chama a olhar para trás e reconhecer que, mesmo em meio a batalhas intensas, dias de derrota e orações aparentemente sem resposta, Deus nunca se ausentou. Ele esteve presente tanto nos dias bons quanto nos difíceis: conduzindo-nos com paciência, corrigindo-nos com amor e sustentando-nos quando nossas forças se esgotaram. O que parecia silêncio era cuidado; o que soava como demora era misericórdia; e aquilo que interpretamos como perda, muitas vezes, foi livramento.
Entretanto, “Ebenézer” também nos leva a olhar para o dia presente, reconhecendo que ,“até aqui”, vemos a misericórdia, a graça, a paciência, a proteção e o livramento do Senhor. Assim, encerrar o ano com gratidão é erguer um “Ebenézer” no coração e confessar que, “até aqui o Senhor nos ajudou”! Além disso, “Ebenézer” aponta para o futuro. A expressão “até aqui” revela que a caminhada ainda não terminou; há dias e tempos que se estendem à nossa frente. Se o Senhor esteve conosco até este ponto, podemos descansar na certeza de que Ele continuará conosco amanhã.
Assim, declarar “Ebenézer, até aqui o Senhor nos ajudou” é um chamado à gratidão, ao contentamento e à firme convicção de que “aquele que começou a boa obra em nós irá completá-la até o dia em que Cristo Jesus voltar” (Filipenses 1:6 NVT).
Creia🙌




