Leia Atos 22:27,28
“E, vindo o comandante, disse-lhe: ‘Dize-me, és tu romano?’ E ele disse: ‘Sim’. E respondeu o comandante: ‘Eu com grande soma de dinheiro alcancei este direito de cidadão’. Paulo disse: ‘Mas eu o sou de nascimento’.”
Sem dúvida alguma, Paulo desempenhou, por graça de Deus, um papel importantíssimo no avanço do Evangelho. Até hoje, seu ministério continua vivo através das treze cartas que se tornaram parte do cânon do Novo Testamento. Glória a Deus por essa contribuição!
No contexto dos versículos de hoje, Paulo foi preso em Jerusalém e teve a oportunidade de fazer sua defesa diante da multidão. Em certo momento, ele compartilhou seu chamado para proclamar o Evangelho aos gentios, o que causou um grande tumulto (leia Atos 22:20-22). Ao perceber a hostilidade dos judeus, o comandante ordenou que Paulo fosse levado para a fortaleza a fim de ser interrogado sob açoites.
Entretanto, quando Paulo estava prestes a ser amarrado para receber os açoites, ele apelou para sua dupla cidadania: “Vos é lícito açoitar um romano, sem ser condenado?” (leia Atos 22:24,25). Ser cidadão romano era um privilégio e um símbolo de grande prestígio naquela época. Havia uma lei em vigor que considerava o aprisionamento de um cidadão romano como um crime, o açoitamento como um ato perverso e a execução como um equivalente ao parricídio (homicídio cometido contra pai ou mãe). Preocupado, o centurião foi relatar a situação ao comandante.
“E, vindo o comandante, disse-lhe: ‘Dize-me, és tu romano?’ E ele disse: ‘Sim’. E respondeu o comandante: ‘Eu com grande soma de dinheiro alcancei este direito de cidadão’. Paulo disse: ‘Mas eu o sou de nascimento’.” Diante dessa declaração, o comandante ficou temeroso, pois havia ordenado que ele fosse amarrado. Aqui podemos perceber um equívoco comum entre muitos cristãos: o de afirmar que Deus mudou o nome de Saulo para Paulo após sua conversão. Tal afirmação é incorreta! Na verdade, Paulo tinha dupla cidadania: sendo Saulo seu nome judaico, e Paulo seu cognome romano.
Paulo nasceu em Tarso (Atos 22:3), a principal cidade da Cilícia. Na época de Paulo, Tarso era a capital da província romana da Síria-Cilícia (leia Gálatas 1:21). Era uma cidade próspera, privilegiada e culta. Ao ser incorporada por Roma, é provável que os ancestrais de Paulo, pertencentes a uma posição social elevada, tenham recebido a cidadania romana. Portanto, Paulo herdou a cidadania romana de sua família (Atos 22:28).
A dupla cidadania de Paulo, independentemente de como tenha sido adquirida, desempenhou um papel importante e providencial em sua atuação como missionário no Império Romano. Além disso, a cidadania romana permitiu-lhe escapar da prisão (leia Atos 16:37-39), evitar punições (leia Atos 22:25-29) e defender sua causa perante o tribunal do imperador em Roma (leia Atos 25:10-12). Assim, o Senhor fez com que todas as coisas cooperassem para o Seu grande propósito!
O mais importante é que Paulo tinha a convicção de que nenhuma cidadania terrena se comparava à cidadania celestial. Sua conversão na estrada de Damasco transformou-o em um pregador do Evangelho e um cidadão do céu! Ele escreveu: “Mas a nossa pátria está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo humilde, para ser semelhante ao seu corpo glorioso, segundo o poder que Ele tem de sujeitar a si todas as coisas“ (Filipenses 3:20-21).
Esses ensinamentos, registrados para nosso aprendizado (Romanos 15:4), nos servem como lição para depositarmos toda a nossa confiança em Deus, que cria, governa e sustenta todas as coisas para a Sua própria glória!