Leitura Bíblica: Tiago 3:9-12
Versículo-chave: “E, assim, bênção e maldição saem da mesma boca. Meus irmãos, isso não está certo!” (Tiago 3:10 NVT)
A instrução de Tiago é clara: a língua é perigosa e indomável! Agora, vamos observar outro aspecto desse pequeno membro que se vangloria de grandes realizações: a incoerência (ou contradição).
“Às vezes louva nosso Senhor e Pai e, às vezes, amaldiçoa aqueles que Deus criou à sua imagem.” (Tiago 3:9 NVT)
Na criação, há harmonia e constância: uma nascente de água doce não pode jorrar água salgada; uma figueira gera apenas figos; uma oliveira só pode dar azeitonas. Porém, o ser humano manifesta incoerência: da mesma boca fluem benção e maldição. O que Tiago denuncia não é apenas uma falha ética, mas uma distorção teológica: ao amaldiçoar uma pessoa formada, ainda que de forma não intencional, o homem “amaldiçoa aqueles que Deus criou à sua imagem”.
“E, assim, bênção e maldição saem da mesma boca. Meus irmãos, isso não está certo!” (Tiago 3:10 NVT)
Tiago não está tratando de um deslize esporádico, mas de uma prática constante deste pecado. Aqui, encontra-se um princípio de integridade espiritual: não pode haver comunhão com Deus sem retidão moral no falar. O uso ambíguo da língua revela um coração dividido e, desse modo, aquilo que deveria ser, “por meio de Jesus, um sacrifício constante de louvor a Deus, o fruto dos lábios que proclamam seu nome” (Hebreus 13:15 NVT), torna-se instrumento de condenação e destruição. O apelo de Tiago – “Meus irmãos, isso não está certo!” – é para que essa duplicidade cesse, pois é incompatível com a nova vida em Cristo.
A duplicidade do homem que profere tanto “benção” quanto “maldição” é mais antinatural do que qualquer anomalia na natureza – como uma fonte jorrar águas doces e amargas, ou uma figueira dar azeitonas e uma oliveira dar figos (Tiago 3:11–12). O próprio Jesus reafirmou esse princípio ao declarar que “a árvore boa não pode produzir frutos ruins, e a árvore ruim não pode produzir frutos bons” (Mateus 7:18 NVT). Assim, a metáfora usada por Tiago é a expressão da hipocrisia: um coração dividido é, ao mesmo tempo, contraditório e corrompido, pois o que transborda dos lábios denuncia a natureza da nascente que está oculta no coração.
Portanto, se alguém declara amar a Deus e, ao mesmo tempo, despreza seu próximo, está sendo contraditório! Se você professa ser cristão, não permita que palavras incoerentes escapem de sua boca. Como discípulo de Cristo, você tem a responsabilidade de usar a língua para edificar, fortalecer e consolar. Afinal, “as palavras sábias saciam como uma boa refeição; as palavras certas dão satisfação. A língua tem poder para trazer morte ou vida; quem gosta de falar arcará com as consequências” (Provérbios 18:20-21 NVT).