Leitura Bíblica: Judas 1:8-10
Versículo-chave: “Tais indivíduos, porém, zombam de coisas que não entendem. Como criaturas irracionais, agem segundo seus instintos e, desse modo, provocam a própria destruição.” (Judas 1:10 NVT)
Ao escrever sobre os perigos dos falsos mestres e da apostasia, Judas recorre a exemplos marcantes do Antigo Testamento para evidenciar o destino daqueles que se desviam dos caminhos do Senhor. Esses relatos antigos permanecem atuais, pois revelam que os riscos da inveja, do orgulho e da cobiça continuam presentes em todas as épocas. Judas nos exorta a aprender com essas narrativas, não apenas para evitar os mesmos pecados, mas também para identificar tais inclinações em nós e nos líderes ao nosso redor.
Judas também se volta contra aqueles que afirmam “ter autoridade com base em sonhos, vivem de modo imoral, desprezam a autoridade e zombam dos seres sobrenaturais” (Judas 1:8 NVT). Qualquer conduta que distorça a graça divina, transformando-a em desculpa para o pecado, corrói o convívio sadio e destrói a confiança entre os irmãos. Para Judas, o confronto não é motivado pelo desejo de impor controle, mas sim do zelo por preservar o testemunho cristão.
Judas também menciona novamente os anjos – desta vez, o arcanjo Miguel, cujo nome significa “quem é semelhante a Deus?”. Mesmo ao confrontar Satanás, Miguel recusou-se a pronunciar uma sentença de maldição contra ele. Em vez disso, declarou: “O Senhor o repreenda” (Judas 1:9 NVT), deixando o julgamento nas mãos de Deus. Judas utiliza esse exemplo para contrastar a atitude reverente e humilde do arcanjo com o comportamento presunçoso dos ímpios que desprezam e zombam das realidades espirituais (Judas 1:8).
É provável que essa referência de Judas tenha origem em um antigo escrito judaico apócrifo, intitulado “A Assunção de Moisés”, pois não há menção explícita nas Escrituras sobre o encontro entre Miguel e Satanás, nem um relato detalhado da morte de Moisés (apenas uma breve menção em Deuteronômio 34:5-8). Contudo, mesmo que Judas tenha se baseado em uma fonte extrabíblica para ilustrar a soberba dos falsos mestres, isso não compromete a inspiração divina de sua carta – assim como o apóstolo Paulo também cita autores não bíblicos em Atos 17:28 e Tito 1:12.
“Tais indivíduos, porém, zombam de coisas que não entendem. Como criaturas irracionais, agem segundo seus instintos e, desse modo, provocam a própria destruição.” (Judas 1:10 NVT)
Os falsos mestres desconhecem a verdade do Evangelho. Falam de assuntos espirituais sem discernimento, pois são incapazes de compreender as coisas do Espírito (1 Coríntios 2:14). Dominados pelo orgulho, “agem segundo seus instintos”, e acabam atraindo sobre si a própria ruína.
Ao tratar da apostasia e da corrupção espiritual, Judas apresenta a soberba como a marca principal dos que rejeitam a verdade. A arrogância leva tanto os falsos mestres quanto os apóstatas a acreditarem que podem viver sem Deus ou redefinir o que Ele determinou. Dessa forma, o alerta de Judas para vencermos o orgulho por meio da humildade e da submissão a Deus continua ressoando em nossos dias. Sua carta serve como um espelho que revela onde a altivez pode ter se alojado em nossos corações e nos chama ao arrependimento, antes que ela nos conduza ao afastamento da fé.




