Leitura Bíblica: Judas 1:5-7
Versículo-chave: “Ainda que já saibam dessas coisas, desejo lembrar a vocês que o Senhor libertou o povo de Israel do Egito, mas depois destruiu aqueles que não permaneceram fiéis.” (Judas 1:5 NVT)
A santidade vai muito além de uma simples questão de moralidade — ela é a essência do relacionamento com Deus. Por essa razão, Judas alerta contra aqueles que, ao distorcerem o sentido da graça, acabam incentivando uma vida de permissividade. Afinal, a graça não foi concedida como desculpa para o pecado, mas como poder para conduzir-nos a uma existência justa e piedosa. Assim, preservar a fé não é apenas defender a doutrina, e sim vivê-la em coerência com seus ensinamentos.
Dessa forma, a apostasia surge como um dos temas mais densos e alarmantes presentes nesta carta. Judas descreve, com precisão, os perigos de se afastar da verdade, destacando aqueles que um dia creram, mas rejeitaram o caminho da retidão. Tal afastamento da fé não ocorre de modo repentino, mas é fruto de um processo gradual de rebeldia e orgulho. Ele mostra que os apóstatas não apenas rejeitam a verdade, como também procuram conduzir outros à mesma perdição. Por isso, a apostasia serve como um lembrete da limitação humana e da urgência de depender continuamente de Deus.
Para fundamentar suas advertências, Judas recorre a exemplos do Antigo Testamento, utilizando-os como ilustrações das graves consequências da infidelidade:
“Ainda que já saibam dessas coisas, desejo lembrar a vocês que o Senhor libertou o povo de Israel do Egito, mas depois destruiu aqueles que não permaneceram fiéis.” (Judas 1:5 NVT; Números 14:29; 1 Coríntios 10:5-8)
A referência ao período em que o povo de Israel peregrinou no deserto foi uma forma de evidenciar como a murmuração e a desobediência são capazes de corroer a fé. Aqueles que testemunharam grandes milagres foram os mesmos que sucumbiram à incredulidade, trazendo sobre si mesmos a destruição. Esse exemplo visa alertar-nos sobre a possibilidade de repetirmos o mesmo padrão pois, se mesmo testemunhando as maravilhas de Deus, muitos tropeçaram, devemos manter a vigilância e humildade para não cairmos nas mesmas tentações.
Judas também menciona os “que não se limitaram à autoridade recebida, mas deixaram o lugar a que pertenciam. Deus os mantém acorrentados em prisões eternas, na escuridão, aguardando o dia do julgamento” (Judas 1:6 NVT; 2 Pedro 2:4). Ele traça um paralelo entre a rebelião angelical e a insubmissão dos que se desviam da fé. Essa analogia reforça a seriedade do juízo divino sobre todos os que se opõem à Sua vontade (2 Pedro 2:9). Mesmo aqueles que um dia habitaram na presença de Deus não estão imunes às consequências da desobediência.
Em seguida, Judas menciona “Sodoma e Gomorra e cidades vizinhas, cheias de imoralidade e de perversão sexual de todo tipo, que foram destruídas pelo fogo e servem de advertência do fogo eterno do julgamento” (Judas 1:7 NVT; Gênesis 19:27-28). Essa referência mostra que o comportamento corrompido conduz inevitavelmente à destruição. Contudo, o ponto central não é apenas a punição em si, mas o desprezo pelo governo de Deus – uma postura de rejeição deliberada à Sua autoridade.
Essas passagens revelam a gravidade com que Deus trata a transgressão consciente, independentemente da posição ou natureza do transgressor — seja ele anjo ou ser humano. O tema da apostasia, embora solene, também é um convite à introspecção. Judas nos conclama a examinar o coração, buscar discernimento e manter-nos firmes na verdade que recebemos. Porque, ao desprezar a vontade de Deus, não há privilégio espiritual que livre alguém do juízo!
“Essas coisas que aconteceram a eles nos servem como exemplo. Foram escritas como advertência para nós, que vivemos no fim dos tempos. Portanto, se vocês pensam que estão de pé, cuidem para que não caiam.” (1 Coríntios 10:11-12 NVT)




