Leia Mateus 19:4-6
“Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os fez, e disse: ‘Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne?’ Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.”
Reconhecemos que a questão em pauta é controvérsia e que não será possível tratá-la aqui de maneira exaustiva. Portanto, concentraremos nossa atenção no ensinamento de Jesus a respeito da indissolubilidade do casamento, com base na passagem de Mateus 19:3-12 (leia). O Evangelho de Mateus deixa evidente a má intenção dos fariseus ao questionarem Jesus sobre o divórcio. A motivação deles não era aprender sinceramente, mas testar o Mestre. Apesar disso, podemos extrair muitos aprendizados deste diálogo.
Com sua peculiar sabedoria, Jesus traz à memória os textos de Gênesis 1:27 e 2:24 para reafirmar a indissolubilidade do casamento:
“Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os fez, e disse: ‘Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne?’ Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.”
Isso nos lembra que não devemos considerar dissolúvel o que Deus estabeleceu como indissolúvel. Qualquer tentativa de modificar aquilo que Deus criou perfeito resulta invariavelmente em terríveis consequências. Se os fariseus tivessem tido boas intenções, a conversa poderia ter terminado neste ponto, e eles sairiam dali comprometidos em seguir a vontade de Deus nessa questão; no entanto, eles continuaram questionando Jesus:
“Disseram-lhe os fariseus: ‘Então, por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio, e repudiá-la?’ Disse-lhes Jesus: ‘Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas ao princípio não foi assim’.” (Mateus 19:7,8)
Aqui, Jesus esclarece que o divórcio não era um mandamento, mas uma concessão. Os fariseus disseram que Moisés “mandou”, mas Jesus corrigiu dizendo que Moisés “permitiu”. São verbos com significados diferentes. Além disso, Jesus enfatiza que a origem do divórcio está na pecaminosidade humana, chamando-a de “a dureza dos corações”. E, por ser o casamento indissolúvel, Jesus reafirma sua posição proferida durante o Sermão do Monte:
“Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de prostituição, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério.” (Mateus 5:32; 19:9)
A exceção “não sendo por causa de prostituição” deve ser compreendida como uma permissão, não como a vontade perfeita de Deus. Em caso de infidelidade conjugal, o caminho do arrependimento, perdão, restauração e reconciliação pode ser doloroso e desafiador, mas é sempre mais alinhado com os princípios bíblicos e, portanto, preferível. Os discípulos reagiram dizendo:
“Se assim é a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar.” (Mateus 19:10)
Jesus concorda com os discípulos, destacando que “nem todos são aptos” para tanto (leia Mateus 19:11) e oferece exemplos de pessoas que, por várias razões, não são aptas para o casamento (leia Mateus 19:12). Isso enfatiza que o casamento, sendo indissolúvel, é uma instituição tão séria que deve ser considerada cuidadosamente antes de ser celebrada. Portanto, como Igreja, é importante que evitemos adotar a mentalidade contemporânea que, de forma lamentável, tem assimilado a prática do divórcio como algo tão bom e desejável como o casamento. Que, como “sal e luz”, possamos nos diferenciar do mundo também neste aspecto.
“E não sejamos conformados com este mundo, mas transformados pela renovação do nosso entendimento, para que experimentemos qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” (Romanos 12:2)