Leitura Bíblica: Apocalipse 2:6
Versículo-chave: “Mas há isto a seu favor: você odeia as obras dos nicolaítas, como eu também odeio.” (Apocalipse 2:6 NVT)
A igreja em Éfeso havia perdido o seu amor inicial, porém não havia abandonado sua antiga aversão ao mal. Cristo destacou que esse era um ponto positivo para aquela comunidade: odiar “as obras dos nicolaítas”. Em contraste, a igreja em Pérgamo foi repreendida justamente por tolerar seus ensinos e práticas:
“Contudo, tenho contra você algumas queixas. Você tolera em seu meio pessoas cujo ensino é semelhante ao de Balaão, que mostrou a Balaque como fazer o povo de Israel tropeçar. Ele os instigou a comer alimentos oferecidos a ídolos e a praticar imoralidade sexual. De igual modo, há entre vocês alguns que seguem o ensino dos nicolaítas.” (Apocalipse 2:14-15 NVT)
Mas afinal, quem eram os “nicolaítas”? Há muita especulação sobre a origem desta seita; por isso, vamos nos deter ao paralelo que o próprio Senhor estabelece entre eles e Balaão.
O nome grego Nikolaos significa literalmente “aquele que domina sobre o povo”. Em Apocalipse, esse termo pode ter sido usado como uma metáfora para fazer alusão à própria conduta de Balaão: da mesma forma como Balaão ensinava Balaque a armar tropeços diante dos israelitas (Números 25:1-2; 31:16), assim também os nicolaítas trabalhavam para enfraquecer a Igreja de Cristo através de doutrinas distorcidas. Eles os instigavam a participar de festas, ritos e celebrações marcadas pela idolatria e pela imoralidade.
Vale ressaltar que, no período em que o Apocalipse foi escrito, recusar-se a comer alimentos oferecidos a ídolos ou a frequentar festividades pagãs equivalia ao isolamento social e econômico. A vida daquela cultura estava profundamente vinculada a essas celebrações, e o próprio comércio estava subordinado às divindades cultuadas nestes eventos.
Os nicolaítas tentavam suavizar esse dilema, convencendo os cristãos a se adaptarem à sociedade ao redor. Ensinavam que era possível continuar como membros dos círculos pagãos sem, supostamente, serem desleais à fé que professavam. Todavia, tal concessão comprometia o testemunho da Igreja diante do mundo.
Cristo, porém, ressalta à igreja em Éfeso:
“Mas há isto a seu favor: você odeia as obras dos nicolaítas, como eu também odeio.” (Apocalipse 2:6 NVT)
O Senhor odeia as práticas e os ensinos dos nicolaítas, abomina seus caminhos perversos e suas obras ímpias. Por isso, assim como a igreja primitiva enfrentava a pressão de se conformar aos costumes pagãos de sua época, hoje também somos constantemente desafiados a relativizar nossa fé diante das exigências da cultura. A tentação de buscar aceitação social, de negociar princípios para evitar críticas ou isolamento, continua sendo real e perigosa. O espírito dos nicolaítas ainda se manifesta em ensinos que procuram diluir a santidade cristã, apresentando concessões como se fossem compatíveis com o Evangelho.
No entanto, Cristo continua chamando sua Igreja a permanecer firme em fidelidade e amor, rejeitando qualquer doutrina ou prática que desonre a Deus. O mesmo Senhor que elogiou Éfeso por odiar as obras dos nicolaítas também nos convoca a rejeitar as trevas e viver na luz. Isso significa não apenas evitar o mal, mas também denunciá-lo e testemunhar da verdade com coragem, mesmo que isso custe reputação, oportunidades ou conforto.
“Não participem dos feitos inúteis do mal e da escuridão; antes, mostrem sua reprovação expondo-os à luz.” (Efésios 5:11 NVT)