Leitura Bíblica: Apocalipse 2:2-3
Versículo-chave: “Sei de tudo que você faz. Vi seu trabalho árduo e sua perseverança, e sei que não tolera os perversos.” (Apocalipse 2:2 NVT)
Como vimos, o remetente da carta destinada à igreja em Éfeso é o próprio Senhor Jesus, que se dirige pessoalmente àquela congregação revelando que conhece profundamente suas práticas, dedicação, firmeza, mas também suas falhas.
O destinatário mencionado é o “anjo da Igreja em Éfeso” (Apocalipse 2:1 NVT). O termo “anjo” significa “mensageiro” e pode designar tanto um ser celestial quanto uma pessoa incumbida de transmitir mensagens. Nesse contexto, a palavra aponta para um representante da liderança local, responsável por comunicar aos irmãos a mensagem recebida por João.
“Sei de tudo que você faz. Vi seu trabalho árduo e sua perseverança, e sei que não tolera os perversos.” (Apocalipse 2:2NVT)
A declaração “sei de tudo que você faz” é repetida em cada uma das sete cartas (Apocalipse 2:9,13,19; 3:1,8,15), como um testemunho de que Cristo, o Juiz onisciente e onipresente, observa e reconhece cada detalhe da vida de Seu povo. A expressão “trabalho árduo” descreve um empenho que não apenas exige esforço físico e mental, mas que também resulta em exaustão. Os cristãos efésios não eram passivos, mas estavam comprometidos em servir a Cristo com dedicação, atuando além das quatro paredes do templo.
O trabalho deles – que se tornava ainda mais pesado pelo contexto em que viviam – envolvia distribuir alimentos e recursos aos necessitados, socorrer os enfermos, instruir os jovens e amparar os mais velhos. Ao auxiliar os necessitados e testemunhar de Cristo, aqueles discípulos eram alvo de hostilidade constante e expunham-se até ao risco de perder a própria vida.
Outra qualidade ressaltada foi a “sua perseverança” diante das pressões externas. Éfeso era um polo religioso diversificado, repleto de divindades, práticas de magia e ocultismo, além da adoração ao imperador romano. Confessar o nome de Jesus significava enfrentar perseguição. Por isso, era indispensável cultivar uma paciência perseverante, capaz de suportar afrontas sem ceder ao pecado ou tolerá-lo.
Cristo ainda destacou outra prática da igreja: “examinou as pretensões dos que se dizem apóstolos, mas não são, e descobriu que são mentirosos. Sofreu por meu nome com paciência, sem desistir” (Apocalipse 2:2,3 NVT). Desde sempre o mundo tem sido marcado pela ação de falsos profetas, que oferecem soluções enganosas e promessas de salvação ilusória.
O próprio Senhor advertiu que isso ocorreria (Mateus 24:23-25), e essa realidade continua presente na igreja até hoje. Paulo também havia alertado em Atos 20:29-30 que, após sua partida, surgiriam falsos mestres como lobos vorazes, e até do próprio seio da igreja se levantariam homens pervertendo a verdade.
Os falsos mestres nem sempre se apresentam nos púlpitos ou em ministérios de grande visibilidade. Muitas vezes estão infiltrados no seio da igreja, promovendo divisões, semeando ideias enganosas, distorcendo ensinos e criando resistência à liderança. Sua marca é a insubmissão, a autonomia desenfreada e o desejo de formar facções que se rebelam contra a verdade do Evangelho.
Portanto, em meio a tantos discursos confusos e doutrinas adulteradas, somos chamados a permanecer alicerçados na verdade das Escrituras, exercitando discernimento espiritual e rejeitando promessas ilusórias. Andar da mesma forma que a igreja em Éfeso significa reconhecer o senhorio de Cristo sobre a igreja, viver sob a Sua autoridade e perseverar em amor e lealdade à Palavra, ainda que isso nos traga oposição, rejeição e sofrimentos.