Leitura Bíblica: Efésios 4:1-3

Versículo-chave: “Façam todo o possível para se manterem unidos no Espírito, ligados pelo vínculo da paz.” (Efésios 4:3 NVT)

O capítulo 4 da carta aos Efésios marca uma transição: Paulo passa da exposição doutrinária sobre a identidade e os privilégios da igreja para instruções práticas sobre como essa nova identidade em Cristo deve se manifestar na vida diária. Ele não faz isso como quem dá uma sugestão, mas suplica que vivamos “de modo digno do chamado que receberam” (Efésio s 4:1 NVT). “Suplicar” é o mesmo que “pedir encarecidamente”. Assim, Paulo pede encarecidamente à Igreja que viva de maneira condizente ao chamado que receberam.

A primeira orientação prática que ele nos apresenta é o chamado à unidade, que não deve ser criada, mas preservada (mantida). Pois a unidade da igreja é uma realidade espiritual, firmada na obra de Cristo e selada pelo Espírito Santo. Essa unidade, embora invisível aos olhos humanos, é indestrutível, pois foi estabelecida pelo próprio Deus. Nosso desafio é fazer todo o possível para manifestá-la através de atitudes que mostrem ao mundo a verdadeira comunhão dos santos.

“Façam todo o possível para se manterem unidos no Espírito, ligados pelo vínculo da paz.” (Efésios 4:3 NVT)

Na igreja em Éfeso, existiam contrastes culturais e religiosos entre judeus e gentios. Os judeus cristãos ainda mantinham práticas como as leis alimentares, a guarda do sábado e a circuncisão. Os gentios, por sua vez, não consideravam tais costumes necessários. Essas diferenças geravam atritos e, possivelmente, divisões.

Foi por isso que Paulo insistiu: “Façam todo o possível para se manterem unidos no Espírito, ligados pelo vínculo da paz”. A palavra “vínculo” expressa algo que une e mantém firme; ou seja, a unidade espiritual já estava estabelecida, mas eles precisavam aprender a conviver em paz, mesmo em meio às suas diferenças.

Hoje, nos deparamos com uma diversidade de denominações e ênfases teológicas. Porém, a verdadeira unidade transcende essas distinções, pois está alicerçada no essencial: a fé em Cristo, a salvação pela graça e a submissão à Palavra de Deus. Diferenças sempre existirão, mas a nossa responsabilidade é conservar essa unidade “pelo vínculo da paz”.

Paulo recomenda que nos esforcemos para manifestar a unidade em nosso meio. Ele nos apresenta virtudes indispensáveis para preservá-la: “Sejam sempre humildes e amáveis, tolerando pacientemente uns aos outros em amor” (Efésios 4:2 NVT).

• A primeira virtude é a humildade – reconhecendo quem somos diante de Deus e considerando outros superiores a nós mesmos (Filipenses 2:3-5).

• A segunda virtude é a amabilidade (ou mansidão) – agir com gentileza e respeito, respondendo com cortesia, mesmo quando somos provocados (Mateus 5:5).

• A terceira virtude é a tolerância paciente (longanimidade) – ser tardio para irar, sendo suporte para o irmão em suas dificuldades, tolerando pacientemente as diferenças (Gálatas 6:2; Colossenses 3:13).

• A quarta virtude é o amor – o fundamento de todas as outras virtudes, a essência da vida cristã (1 Coríntios 13:4). O amor é fruto do Espírito. Naturalmente, ninguém tem a capacidade de amar, mas o amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo (Romanos 5:5).

Portanto, a unidade da igreja é um testemunho vivo ao mundo de que Jesus é o Filho enviado pelo Pai (João 17:21). Em contrapartida, a desunião é um testemunho extremamente negativo. Sendo assim, manter a unidade exigirá de nós esforço intencional, uma vida de humildade, mansidão, longanimidade e amor prático.