Leitura Bíblica: Tiago 5:16
Versículo-chave: “Portanto, confessem seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados. A oração de um justo tem grande poder e produz grandes resultados.” (Tiago 5:16 NVT)
Agora, Tiago orienta os cristãos a exercerem a confissão mútua de pecados. O verbo grego exomologeó significa “declarar abertamente, reconhecer publicamente, admitir”, carregando o sentido de uma confissão voluntária e explícita diante de outros ou diante de Deus. O uso no imperativo revela um mandamento direto, e não uma simples sugestão: “confessem seus pecados uns aos outros”. Indica uma prática contínua e recorrente, não um gesto ocasional.
A expressão “uns aos outros” reforça o aspecto de reciprocidade, isto é, não se refere a uma confissão unilateral dirigida a uma autoridade, mas a uma prática horizontal e comunitária entre irmãos na fé. Tiago não está instituindo um rito sacerdotal de confissão seguido de penitência, mas promovendo uma cultura de sinceridade no corpo de Cristo, na qual cada cristão pode abrir o coração ao outro, confessar suas falhas e receber oração.
Esse mandamento também não se restringe à confissão de ofensas mútuas, mas abrange pecados ocultos ou não diretamente ligados a desentendimentos pessoais. A confissão não é uma exigência para alcançar o perdão divino, e sim um meio de restaurar a comunhão entre os membros da igreja. A confissão mútua rompe o isolamento causado pelo pecado, fortalece os vínculos de interdependência e edifica a igreja tanto no aspecto espiritual quanto físico.
Quando confessamos nossas culpas uns aos outros, somos sarados da mágoa, da prostração e até da perturbação que advém da culpa. Pois, como disse o rei Davi:
“Enquanto me recusei a confessar meu pecado, meu corpo definhou, e eu gemia o dia inteiro. Dia e noite, tua mão pesava sobre mim; minha força evaporou como água no calor do verão. Finalmente, confessei a ti todos os meus pecados e não escondi mais a minha culpa. Disse comigo: ‘Confessarei ao Senhor a minha rebeldia’, e tu perdoaste toda a minha culpa.” (Salmos 32:3-5 NVT)
Após a confissão, vem a oração “e orem uns pelos outros para serem curados”. O corpo de Cristo deve manter uma prática constante de intercessão recíproca. Não há indício algum de hierarquia nessa exortação de Tiago, tampouco limitação à liderança eclesiástica – o foco está na cooperação espiritual.
Enquanto a confissão e a oração devem ser contínuas, a cura é apresentada como algo específico, operado exclusivamente por Deus. Isso evidencia que a cura é uma ação divina, e não humana. Assim, a afirmação “a oração de um justo tem grande poder e produz grandes resultados” sublinha que a eficácia da oração não reside em quem ora, mas em Deus, que age por meio dela.
A “oração de um justo” não se refere a alguém com status religioso ou posição eclesiástica, mas àquele que vive de acordo com a justiça de Deus, conforme o padrão da sabedoria descrita em Tiago 3:13,17-18. A oração do justo é poderosa e “produz grandes resultados” porque é ativa, sincera e conduzida pelo Espírito Santos. Ela não é um instrumento mágico nem um mecanismo automático para manipular a vontade divina, mas um meio legítimo fundamentado na comunhão entre o cristão e o Senhor.
Portanto, a “oração de um justo” não possui poder por mérito próprio, mas porque Deus manifesta o Seu poder por meio da intercessão daqueles que vivem em retidão, fé e oram em conformidade com a Sua vontade soberana.




