Leitura Bíblica: Tiago 5:15
Versículo-chave: “Essa oração da fé curará o enfermo, e o Senhor o restabelecerá. E, se cometeu algum pecado, será perdoado.” (Tiago 5:15 NVT)
A oração é um tema recorrente na carta de Tiago e uma das razões apresentadas para orar é a enfermidade. Ao abordar esse assunto, Tiago descreve as atitudes que devem ser tomadas tanto pelos enfermos quanto pelos presbíteros:
“Alguém está doente? Chame os presbíteros da igreja para que venham e orem sobre ele e o unjam com óleo, em nome do Senhor.” (Tiago 5:14 NVT)
Em seguida, o autor afirma que a “oração da fé curará o enfermo”, destacando um tipo específico de oração: aquela cuja essência está fundamentada na fé. O verbo sozo, que possui o sentido básico de “salvar” ou “curar”, pode significar “restabelecer a saúde”, “preservar a vida” ou “conceder salvação espiritual”, conforme o contexto. De modo geral, o termo abrange a cura física como resultado da intervenção divina, sem, contudo, assegurar que ela sempre ocorrerá, visto que a soberania de Deus permanece absoluta e incontestável.
Em outras palavras, a “oração da fé” não implica, de forma automática, que a cura se concretizará, mas expressa confiança no Deus que age conforme Sua vontade. Assim, o poder da oração não está na pessoa que ora, nem na intensidade de seus sentimentos, mas em Deus, que soberanamente responde segundo o Seu propósito. Desse modo, a “oração da fé” traz restauração ao enfermo — não apenas aliviando sintomas, mas renovando o ser por completo diante de Deus, seja por meio da cura imediata, seja pela concessão de força para suportar o sofrimento.
O “enfermo”, que antes se encontrava abatido, será restaurado (levantado) pela ação direta do Senhor. O verbo empregado é o mesmo usado em relatos de milagres de cura realizados por Jesus e pelos apóstolos. Em Marcos 1:31, Jesus toma a sogra de Pedro pela mão e a levanta; e em Atos 9:40, Pedro declara: “Tabita, levante-se”. Em ambos os casos, o gesto indica a restauração plena da vida e retorno às atividades.
Entretanto, o uso do verbo no futuro — “e o Senhor o restabelecerá” — comunica a certeza da ação divina, mas essa certeza está subordinada à soberania de Deus. A oração acompanhada da unção com óleo são instrumentos usados pela igreja, mas o agente verdadeiro e eficaz da cura é Cristo. Assim, a cura deve ser compreendida como uma expressão da graça e do poder de Cristo, recebida com humildade e esperança, jamais como uma exigência ou negociação (barganha) com Deus.
Em seguida, Tiago acrescenta: “E, se cometeu algum pecado, será perdoado”. Aqui, é essencial evitar qualquer interpretação determinista que relacione toda enfermidade a um pecado pessoal específico. No decorrer da vida cristã, o pecado ainda ocorre — inclusive entre os enfermos —, mas Tiago sugere a possibilidade de que o enfermo necessite, além da restauração física, de reconciliação espiritual. Ademais, o contexto deixa evidente que o perdão vem de Deus, e não dos presbíteros ou de algum ritual estabelecido: “E se cometeu algum pecado, será perdoado [por Deus]”.
Portanto, a ênfase do texto não recai sobre qualquer tipo de mediação humana, mas sobre a ação livre, graciosa e soberana de Deus, cuja intervenção não depende de méritos pessoais nem de práticas externas.




