Leitura Bíblica: Tiago 5:1-3
Versículo-chave: “Prestem atenção, vocês que são ricos. Chorem e gemam de angústia por causa das desgraças que os esperam.” (Tiago 5:1 NVT)
Sem dúvida, o dinheiro exerce um poder avassalador sobre o mundo, Sem dúvida, o dinheiro exerce enorme influência sobre a humanidade, transformando-se, muitas vezes, em algo muito além de uma simples moeda de troca: ele é reverenciado como um “deus”. Infelizmente, essa idolatria leva inúmeros indivíduos a caminhos de corrupção moral. Por causa do amor ao dinheiro, pessoas mentem, roubam, corrompem-se, casam-se e se separam por interesse, matam e, por vezes, até perdem a própria vida.
Tiago dirige sua palavra aos “ricos” não como uma classe social neutra, mas como um grupo moralmente reprovado — indivíduos orgulhosos, dominados por sua riqueza e carentes de temor diante de Deus. Sua repreensão não é quanto à posse de bens em si, tampouco uma defesa da pobreza como virtude, mas uma denúncia clara sobre o modo como a riqueza é adquirida e utilizada.
Os “ricos” mencionados são os mesmos descritos em Tiago 2:6-7: aqueles que oprimem os necessitados, arrastam-nos aos tribunais, blasfemam o nome de Cristo e desfrutam de privilégios enquanto exploram os outros. Por essa razão, o texto não traz qualquer apelo ao arrependimento ou oferta de reconciliação, mas anuncia uma sentença definitiva de condenação:
“Prestem atenção, vocês que são ricos. Chorem e gemam de angústia por causa das desgraças que os esperam.” (Tiago 5:1 NVT)
A riqueza, em si mesma, não é boa nem má, o perigo está no coração que se prende a ela – como no caso do jovem rico citado em Mateus 19:24. O choro e o gemido descritos por Tiago representam o desespero e a dor diante de um julgamento inevitável que já se aproxima dos ímpios. Não são meras calamidades naturais ou sociais, mas sofrimentos ligados ao “Dia do Senhor” (Tiago 5:7–9), quando o juízo divino se revelará em sua plenitude.
“Sua riqueza apodreceu, e suas roupas finas são trapos comidos por traças.” (Tiago 5:2 NVT)
No contexto do antigo Oriente, as vestes eram símbolos e instrumentos de status. Muitos abastados acumulavam dezenas ou centenas de roupas luxuosas, guardadas por toda a vida como bens de herança e demonstração de poder. Tiago denuncia esse acúmulo, na qual as roupas não são usadas nem compartilhadas, mas armazenadas até se deteriorarem. As vestes representam, portanto, a exibição pública da riqueza como forma de prestígio e domínio social. Agora, no juízo de Deus, essas mesmas roupas elegantes tornam-se “trapos comidos por traças”.
A mesma ênfase aparece nas palavras de Jesus no Sermão do Monte:
“Não ajuntem tesouros aqui na terra, onde as traças e a ferrugem os destroem, e onde ladrões arrombam casas e os furtam.” (Mateus 6:19 NVT)
A cena se inverte: as roupas caras, outrora símbolos de honra, convertem-se em provas visíveis da condenação. Assim, as “roupas finas” que antes cobriam com “glória” aparente, agora apodreceu, expondo a vergonha.
“Seu ouro e sua prata estão corroídos. A mesma riqueza com a qual vocês contavam devorará sua carne como fogo. Esse tesouro corroído que vocês acumularam testemunhará contra vocês nos últimos dias.” (Tiago 5:3 NVT)
Ainda que ouro e prata não se desgastem literalmente com ferrugem, Tiago utiliza a imagem de maneira intencional. A corrosão dos metais torna-se uma metáfora viva da decadência moral e serve como prova judicial contra os ricos no tribunal de Deus. Essa ferrugem é, ao mesmo tempo, testemunha externa da culpa e instrumento interno de destruição.
Dessa forma, os “últimos dias” mencionados por Tiago não se referem a um futuro remoto, mas ao tempo presente do juízo iminente de Deus. É precisamente agora, “nos últimos dias”, quando se esperaria arrependimento, generosidade e preparação para o juízo, que os ricos continuam a acumular bens e poder, agindo como se o mundo fosse eterno e a justiça jamais os alcançasse. O julgamento, portanto, recairá não apenas sobre o que se fez, mas também sobre o que se deixou de fazer enquanto ainda havia oportunidade! (Tiago 4:17)