“Mas algum de vocês dirá: ‘Então por que Deus os culpa? Não estão apenas cumprindo a vontade dEle?’. Ora, quem é você, mero ser humano, para discutir com Deus? Acaso o objeto criado pode dizer àquele que o criou: ‘Por que você me fez assim?’.” (Romanos 9:19-20 NVT)
A primeira parte do capítulo 9 da carta aos Romanos destaca que Deus, sendo justo, pode mostrar misericórdia inclusive aos gentios, e isso era extremamente revoltante para os judeus daquela época. Quando Deus, em Sua misericórdia, concedia bênçãos aos judeus, estes não reclamavam. No entanto, ao conceder bênçãos espirituais a todos os que creem, alguns judeus poderiam distorcer a natureza da misericórdia e, até mesmo, julgar tal atitude divina como injustiça. Para combater tais objeções, Paulo adota uma forma de diálogo:
“Mas algum de vocês dirá: ‘Então por que Deus os culpa? Não estão apenas cumprindo a vontade dEle?’”
Essa objeção é frequentemente levantada contra a doutrina da graça, que propõe que Deus concede graça eficaz a alguns, e nega a outros. No entanto, Paulo argumenta que essa não é uma contestação apropriada vinda da criatura contra o Criador.
“Ora, quem é você, mero ser humano, para discutir com Deus? Acaso o objeto criado pode dizer àquele que o criou: ‘Por que você me fez assim?’”
Somos a criatura, Deus é o Criador. Paulo enfatiza a soberania de Deus sobre nós usando a analogia do oleiro e do barro:
“O oleiro não tem o direito de usar o mesmo barro para fazer um vaso para uso especial e outro para uso comum?” (Romanos 9:21 NVT)
Assim como um oleiro pode usar a mesma massa de barro para fazer tanto um vaso nobre quanto um vaso comum, “da mesma forma, Deus tem o direito de mostrar sua ira e seu poder, suportando com muita paciência aqueles que são objeto de sua ira, preparados para a destruição” (Romanos 9:22 NVT).
Dessa forma, devemos lembrar do princípio já estabelecido nos primeiros capítulos da carta aos Romanos: quando se trata de salvar pecadores Deus não age com base na justiça, mas sim na misericórdia e na graça. Ele demonstra misericórdia ao nos poupar do que merecemos e graça ao nos conceder o que não merecemos.
Se a justiça de Deus for aplicada, todos os homens seriam condenados, pois todos pecaram e o “salário do pecado é a morte” (Romanos 6:23 NVT). Quando se trata da salvação, o pecador – judeu ou gentio – é poupado pela graça não merecida que Deus lhe oferece. Tanto judeus quanto gentios dependem da graça e misericórdia de Deus manifestadas por meio de Jesus Cristo, pelo qual “Deus se mostra justo, condenando o pecado, e justificador, declarando justo o pecador que crê em Jesus” (Romanos 3:26 NVT).
Portanto, quem depende da graça, jamais deveria se queixar da salvação dos outros!