“Ao ver isso, Jesus ficou indignado com os discípulos e disse: ‘Deixem que as crianças venham a mim. Não as impeçam, pois o Reino de Deus pertence aos que são como elas’.” (Marcos 10:14 NVT)
Jesus havia terminado a conversa com os fariseus sobre casamento e divórcio; contudo, “mais tarde, quando Jesus estava em casa com seus discípulos, eles tocaram no assunto outra vez” (Marcos 10:10 NVT). Jesus então salienta que o divórcio e um novo casamento, sem justificativa bíblica, configuram adultério (confira Marcos 10:11-12). O relato de Marcos continua dizendo que:
“Certo dia, trouxeram crianças para que Jesus pusesse as mãos sobre elas, mas os discípulos repreendiam aqueles que as traziam.” (Marcos 10:13 NVT)
Repare que as crianças não foram até Jesus por si mesmas; elas foram levadas. Esta atitude nos ensina que devemos ser facilitadores e não obstáculos para que as crianças se aproximem de Cristo. Note também que o texto não menciona que os discípulos levaram as crianças; ao contrário, os discípulos mais uma vez revelaram a dureza de seus corações, pois estavam repreendendo aqueles que traziam as crianças. Eles cometeram este grave erro, mesmo após Jesus ter ensinado claramente que:
“Quem recebe uma criança pequena como esta em meu nome recebe a mim, e quem me recebe não recebe apenas a mim, mas também ao Pai, que me enviou.” (Marcos 9:37 NVT)
Ou seja, os discípulos não estavam repreendendo aquelas pessoas por ignorância, pois sabiam bem como elas eram vistas por Jesus. Mas agiam por preconceito, negligência, comodismo, ou uma falta de compreensão sobre o Reino. Fato é que, “ao ver isso, Jesus ficou indignado com os discípulos e disse: ‘Deixem que as crianças venham a mim. Não as impeçam, pois o Reino de Deus pertence aos que são como elas’.”
Jesus se indignou quando viu que os discípulos afastavam as crianças ao invés de aproximá-las. E fica indignado conosco sempre que, como igreja, fechamos a porta ao invés de abri-la; ou quando erguemos barreiras ao invés de construirmos pontes. Em sua indignação, Jesus dá uma ordem oposta à ação dos discípulos:
“Deixem que as crianças venham a mim. Não as impeçam”.
Como as crianças são impedidas?
Primeiramente, quando deixamos de ensiná-las a Palavra de Deus. É papel dos pais ensinar os filhos de forma dinâmica e variada sobre o Senhor a quem servem (confira Deuteronômio 6:1-9). Impedimos as crianças de virem a Jesus quando deixamos de ser bons exemplos para elas. Escandalizar uma criança ou servir de obstáculo é um pecado com consequências graves (confira Marcos 9:42).
Jesus proíbe que sejamos obstáculos para as crianças, e explica o motivo: “pois o Reino de Deus pertence aos que são como elas”. Isso não quer dizer que as crianças são criaturas inocentes, pois o pecado original atingiu toda a humanidade. A inclinação do nosso coração é para o mal desde a concepção, e as crianças não são salvas por serem inocentes, mas também precisam nascer de novo e crer no Senhor Jesus.
A expressão de Jesus “pois o Reino de Deus pertence aos que são como elas” quer dizer que devemos vê-las como exemplo de humildade e dependência dos outros. Nós entramos no Reino de Deus pela fé, como crianças: incapazes de salvar-nos, totalmente dependentes da graça de Deus.
Jesus continua dizendo:
“Eu lhes digo a verdade: quem não receber o Reino de Deus como uma criança de modo algum entrará nele.” (Marcos 10:15 NVT)
Portanto, receber o Reino de Deus como uma criança significa aceitá-lo com simplicidade, confiança genuína e humildade despretensiosa. Jesus não apenas acolheu as crianças e repreendeu os discípulos, mas também “tomou as crianças nos braços, pôs as mãos sobre a cabeça delas e as abençoou” (Marcos 10:16 NVT).
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