“No dia seguinte, João estava novamente com dois de seus discípulos. Quando viu Jesus passar, olhou para Ele e declarou: ‘Vejam! É o Cordeiro de Deus!’.” (João 1:36 NVT)
Embora todos os cristãos reconheçam a centralidade da cruz para a sua fé, poucos se dedicam a meditar sobre a natureza e os benefícios da salvação em Cristo. E, por causa disso se esquecem de que a declaração de João Batista, “Vejam! É o Cordeiro de Deus!”, é a melhor notícia que a humanidade poderia receber.
A necessidade de um cordeiro é decorrente do fato de que, pelo pecado, o homem ofendeu a Deus, e a justiça divina exigia uma reparação. Assim, os cordeiros eram parte crucial nos sacrifícios da Antiga Aliança. Antes mesmo de Deus dar a Moisés instruções acerca da lei no Sinai, a figura do cordeiro já estava presente.
Nos primeiros capítulos de Gênesis, vemos Abel oferecendo a Deus uma oferta das primícias de seu rebanho (confira Gênesis 4:3-5). Quando Abraão estava prestes a oferecer Isaque em holocausto, Deus providenciou um cordeiro para substituí-lo (confira Gênesis 22:13).
Em Êxodo, antes da libertação do povo de Israel, Deus deu instruções sobre a instituição da Páscoa, na qual um cordeiro deveria ser sacrificado e seu sangue aspergido nos umbrais das portas das casas israelitas (confira Êxodo 12:3-8, 12-13).
Ainda no Antigo Testamento, encontramos referências sobre o Cordeiro que sofre sem dizer uma só palavra (confira Isaías 53:5-7). O profeta Isaías ainda destaca que foi da vontade do Senhor esmagá-lo e causar-lhe dor, fazendo de sua vida uma oferta pela culpa (confira Isaías 53:10), apresentando assim o conceito do Cordeiro de Deus.
No Novo Testamento, no primeiro capítulo do evangelho segundo João, Jesus nos é apresentado como “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1:29,36 NVT). Cristo é o antítipo (a figura) para o qual todos os cordeiros do Antigo Testamento apontavam, indicando que todos os cordeiros sacrificados serviam apenas como algo temporário. O objetivo era apontar para Jesus e seu sacrifício – perfeito e definitivo – providenciado por Deus para expiar (remir) o pecado de Seu povo.
Vale ressaltar que a expressão “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” não implica em universalismo. A ideia de que Cristo tirou o pecado de todo o mundo e, por isso, todos serão salvos, não é bíblica. O Evangelho segundo João refuta essa ideia ao afirmar:
“Mas, a todos que creram nele e O aceitaram, Ele deu o direito de se tornarem filhos de Deus. Estes não nasceram segundo a ordem natural, nem como resultado da paixão ou da vontade humana, mas nasceram de Deus.” (João 1:12,13 NVT)
‘“Porque Deus amou tanto o mundo que deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:16 NVT)
“E quem crê no Filho de Deus tem a vida eterna. Quem não obedece ao Filho não tem a vida eterna, mas a ira de Deus permanece sobre ele.” (João 3:36 NVT)
Portanto, quando João Batista apresenta Cristo como “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, ele não está declarando que o pecado de todo o mundo será expiado (remido) pelo Cordeiro de Deus. Ele também não está afirmando que o Filho de Deus veio para tirar o pecado de uma nação em particular, como por exemplo, os judeus. Esse “mundo” não significa cada pessoa em particular, mas pessoas espalhadas em todos os povos, tribos, línguas e nações. Em Apocalipse, Jesus é descrito como o Cordeiro:
“Digno de receber o livro, abrir os selos e lê-lo. Pois foste sacrificado e com teu sangue compraste para Deus pessoas de toda tribo, língua, povo e nação” (Apocalipse 5:9 NVT).
Glória a Deus!