“Aquele de vocês que nunca pecou atire a primeira pedra!” (João 8:7 NVT)
O capítulo 8 do Evangelho segundo João inicia-se narrando a história de uma mulher apanhada em adultério. Jesus estava no Templo ensinando à multidão, quando os escribas e fariseus interromperam Seus ensinamentos, trazendo aquela mulher e colocando-a no centro para acusá-la e confrontar Jesus:
“Mestre, esta mulher foi pega no ato de adultério. A lei de Moisés ordena que ela seja apedrejada. O que o senhor diz?” (João 8:4-5 NVT)
É evidente que os escribas e fariseus não estavam interessados em justiça, mas buscavam armar uma cilada contra Jesus. Contudo, “Jesus apenas se inclinou e começou a escrever com o dedo na terra” (João 8:6 NVT).
Não havia dúvida sobre a culpa da mulher, pois ela havia sido pega em flagrante e Jesus não refutou a acusação. A questão levantada pelos escribas e fariseus era que, segundo a lei mosaica, a mulher deveria ser condenada à morte (confira Levítico 20:10; Deuteronômio 22:22-24). Assim, caso Jesus se recusasse a aprovar a sentença, seria acusado de desrespeitar a lei de Deus. Entretanto, se Ele concordasse com a execução, poderia ser denunciado às autoridades romanas, já que o Sinédrio não tinha permissão para aplicar a pena de morte.
Jesus, conhecendo a malícia no coração daqueles homens e, visto que continuaram a pressioná-Lo para obter uma resposta, respondeu devolvendo-lhes a questão:
“Aquele de vocês que nunca pecou atire a primeira pedra!”
Com esta declaração, Jesus não minimizou a gravidade do pecado da mulher nem a justificou, mas se recusou a assumir o papel de juiz naquele contexto. Além disso, de acordo com a lei judaica, as testemunhas do crime deveriam ser as primeiras a iniciar a execução, o que exigia que cada acusador reconhecesse sua própria culpa ou se abstivesse de prosseguir com a condenação.
Em seguida, Jesus abaixou-se novamente e continuou escrevendo na terra. “Quando ouviram isso, foram saindo, um de cada vez, começando pelos mais velhos, até que só restaram Jesus e a mulher no meio da multidão” (João 8:9 NVT). Ou seja, ficou claro que os acusadores não estavam moralmente qualificados para condená-la.
“Então Jesus se levantou de novo e disse à mulher: ‘Onde estão seus acusadores? Nenhum deles a condenou?’. ‘Não, Senhor’, respondeu ela. E Jesus disse: ‘Eu também não a condeno. Vá e não peque mais’.” (João 8:10-11 NVT)
Note que Jesus não emitiu a sentença que os escribas e fariseus aguardavam, mas também não absolveu a mulher de sua responsabilidade. Pelo contrário, Ele a confrontou quanto à necessidade de abandonar o pecado. O verdadeiro arrependimento exige o abandono do mal e mudança de comportamento. Sem isso, não há genuína transformação.
Portanto, se desejamos avaliar se de fato nos convertemos a Deus e experimentamos o arrependimento verdadeiro, é necessário examinar nossas vidas e verificar se estamos realmente deixando o pecado para trás.
“Porque a tristeza que é da vontade de Deus conduz ao arrependimento e resulta em salvação. Não é uma tristeza que causa remorso. Mas a tristeza do mundo resulta em morte.” (2 Coríntios 7:10 NVT)