“Então a mãe dos filhos de Zebedeu veio a Jesus com seus filhos. Ela se ajoelhou diante dele a fim de lhe pedir um favor. ‘O que você quer?’, perguntou Ele. Ela respondeu: ‘Por favor, permita que, no seu reino, meus dois filhos se sentem em lugares de honra ao seu lado, um à sua direita e outro à sua esquerda’.” (Mateus 20:20-21 NVT)
Observamos nos versículos de hoje que os filhos de Zebedeu – Tiago e João – engenhosamente solicitaram à mãe que fizesse um pedido a Jesus. A narrativa de Marcos evidencia que foram os próprios discípulos quem procuraram o Mestre (confira Marcos 10:35-37). Indivíduos orgulhosos, embora se vejam como humildes, frequentemente buscam honras por intermédio de outros, evitando assim o constrangimento de solicitar tais reconhecimentos pessoalmente. Essa pode ter sido a estratégia adotada por Tiago e João.
É importante lembrar que Tiago e João faziam parte do círculo mais íntimo de Jesus, acompanhando-O em momentos cruciais como a casa de Jairo (confira Marcos 5:36-37), a transfiguração no monte (confira Mateus 17:1) e o Getsêmani (confira Mateus 26:36-37). No entanto, mesmo com essa proximidade, o pedido desses discípulos estava impregnado de orgulho e autossuficiência. O orgulho, um pecado persistente, frequentemente nos impede de reconhecer nossas limitações. Sejamos vigilantes!
Jesus, no entanto, seguia em direção à cruz, e não a um trono. Seu caminho era marcado pelo sofrimento, e não pelos aplausos. Ao questionar Tiago e João sobre a capacidade de beber do mesmo cálice que Ele, Jesus os convidava a refletir sobre a profundidade do sofrimento.
Tiago, João e sua mãe contudo, fizeram um pedido sem compreender plenamente suas implicações. Ao almejar a glória de uma coroa, não consideraram a necessidade de carregar a cruz que conduz a ela. Jesus, por sua vez, voluntariamente tomaria sobre si o julgamento de Deus em lugar dos pecadores. A glória, naquele momento, não era o próximo passo divino, mas sim o sofrimento vicário de Cristo.
Em certa medida, Tiago e João beberam o cálice do sofrimento: Tiago foi o primeiro apóstolo a ser martirizado (confira Atos 12:1-2) e João, o último, exilado em Patmos (confira Apocalipse 1:9). Portanto, devemos compreender que Jesus não revela o grau de glória que teremos, mas enquanto seguimos Seus passos, podemos ter a certeza de um lugar em Seu Reino. Assim, o menor lugar no céu é uma recompensa imensurável pelos maiores sofrimentos na terra!
“Por isso, nunca desistimos. Ainda que nosso exterior esteja morrendo, nosso interior está sendo renovado a cada dia. Pois estas aflições pequenas e momentâneas que agora enfrentamos produzem para nós uma glória que pesa mais que todas as angústias e durará para sempre.” (2 Coríntios 4:16-17 NVT)