“Moisés lhes deu a lei, mas nenhum de vocês obedece a ela. Então por que procuram me matar?” (João 7:19 NVT)

Aprendemos com Jesus que o verdadeiro ministro do Evangelho, genuinamente vocacionado por Deus, demonstrará reverência à soberania de seu Senhor (confira João 7:16-18) e humildade diante de sua própria pequenez, reconhecendo em si apenas sua incapacidade e indignidade. Em contrapartida, aquele que não é guiado pelo Espírito Santo buscará encobrir suas falhas promovendo a autopromoção e exaltando seu próprio ministério. O anseio por engrandecer a si mesmo é uma clara evidência de que algo está profundamente errado em nós.

Apesar dos ensinamentos vindos diretamente da boca de Jesus, os moradores de Jerusalém, incapazes de compreender Suas palavras, tentaram acusá-Lo como infrator da lei de Moisés. Jesus, no entanto, os confronta com a seguinte pergunta:

“Moisés lhes deu a lei, mas nenhum de vocês obedece a ela. Então por que procuram me matar?”

Essa foi uma repreensão direta, que expôs a hipocrisia dos judeus. Eles se orgulhavam de serem detentores da lei, mas isso, por si só, não tinha valor algum! A lei exigia obediência aos seus preceitos, algo que eles não praticavam, pois tramavam assassinar o próprio Jesus, em total contradição ao espírito da lei.

Entretanto, a multidão que vinha à Festa dos Tabernáculos desconhecia o plano dos líderes judeus de matar Jesus. Por isso, respondeu com espanto: “Você está possuído por demônio! Quem procura matá-lo?” (João 7:20 NVT). Jesus explicou-lhes:

“Eu fiz um milagre no sábado, e vocês ficaram admirados. No entanto, vocês também trabalham no sábado quando obedecem à lei da circuncisão que Moisés lhes deu, embora, na verdade, a circuncisão tenha começado com os patriarcas, muito antes da lei de Moisés. Pois, se o tempo certo de circuncidar seu filho cai no sábado, vocês realizam a cerimônia, a fim de não quebrar a lei de Moisés. Então por que ficam indignados comigo pelo fato de eu curar um homem no sábado?” (João 7:21-23) NVT)

Aqui, Jesus faz referência à cura do paralítico junto ao tanque de Betesda (confira João 5:1-14), um milagre que gerou enorme controvérsia entre os judeus. Ele destacou que a circuncisão, instituída na época de Abraão (confira Gênesis 17:10), deveria ser feita no oitavo dia, conforme a lei de Moisés (confira Levítico 12:3), mesmo que essa data caísse em um sábado. Com base nisso, Jesus questionou por que Ele foi criticado por um ato de misericórdia realizado em dia semelhante.

Na cegueira de sua hostilidade, os judeus ignoravam que os mandamentos sobre o sábado não proibiam ações de compaixão e misericórdia. De fato, Jesus havia feito uma obra no sábado, mas essa não contrariava os princípios da lei divina. Assim, os judeus foram alvos da mesma advertência que enfrentamos sempre que somos enganados pelas aparências do que parece justo, mas não é:

“Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça.” (João 7:24 NVT)