“Os que haviam sido dispersos, porém, anunciavam as boas-novas a respeito de Jesus por onde quer que fossem.” (Atos 8:4 NVT)
Os membros da Igreja em Jerusalém que “haviam sido dispersos” podem não ter compreendido totalmente o que estava acontecendo com eles, mas o Senhor, em Sua soberania, não permitiria que a Igreja fosse limitada por barreiras raciais, culturais ou geográficas; mas vivenciaria o custo do discipulado em Cristo.
A morte de Estêvão impulsionou a perseguição, e Saulo passou a atuar como líder:
“E Saulo concordou inteiramente com a morte de Estêvão […] Saulo, porém, procurava destruir a igreja. Ia de casa em casa, arrastava para fora homens e mulheres e os lançava na prisão.” (Atos 8:1,3 NVT)
A expressão “procurava destruir a igreja” é semelhante à descrição de um animal selvagem que devasta algo na tentativa de destruí-lo (confira Atos 22:4, 26:9-11). Saulo tinha todos os documentos legais de que precisava para liderar essa perseguição, e tinha autoridade para lançar homens e mulheres na prisão.
Enquanto isso, “os que haviam sido dispersos, porém, anunciavam as boas-novas a respeito de Jesus por onde quer que fossem”. A dispersão dos seguidores de Cristo resultou no avanço mais importante na missão da igreja, levando-os a obedecer à ordem implícita em Atos 1:8 NVT:
“Vocês receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em toda parte: em Jerusalém, em toda a Judeia, em Samaria e nos lugares mais distantes da terra.”
À medida que os cristãos foram espalhados, encontraram uma receptividade imediata ao Evangelho, inclusive por parte dos samaritanos – um povo que os judeus odiavam; mas, na verdade, a rivalidade entre judeus e samaritanos era recíproca. Através do relato de Lucas, podemos observar a superação dessa hostilidade por meio da fé comum em Jesus:
“Filipe foi para a cidade de Samaria e ali falou ao povo sobre o Cristo. Quando as multidões ouviram sua mensagem e viram os sinais que ele realizava, deram total atenção às suas palavras. Muitos espíritos impuros eram expulsos e, aos gritos, deixavam suas vítimas, e muitos paralíticos e aleijados eram curados. Por isso, houve grande alegria naquela cidade.” (Atos 8:5-8 NVT)
Os judeus consideravam os samaritanos como racialmente impuros. Após a queda do Reino do Norte – Israel – Samaria foi povoada por colonos assírios. Estes se casaram com os judeus que permaneceram na região, e os samaritanos eram os descendentes dessas uniões mistas.
Os samaritanos reconheciam como Escritura apenas o Pentateuco – os cinco livros de Moisés. Além disso, construíram um templo no monte Gerizim. Assim, a fim de expressar o seu desdém pelos samaritanos, os judeus que viajavam para a Galileia evitavam passar por Samaria. No entanto, a mensagem do Evangelho ultrapassou a barreira existente no primeiro século entre judeus e samaritanos.
Portanto, a formação da Igreja em Samaria indica que não há nenhum espaço para o racismo no meio do povo de Deus. E, ainda hoje, Ele está edificando a Sua Igreja, e endireitando os nossos caminhos, pois “todos que foram unidos com Cristo no batismo se revestiram de Cristo. Não há mais judeu nem gentio, escravo nem livre, homem nem mulher, pois todos somos um em Cristo Jesus” (Gálatas 3:27-28 NVT).