“Não digo estas coisas a todos vocês; conheço os que escolhi. Mas isto cumpre as Escrituras que dizem: ‘Aquele que come do meu alimento voltou-se contra mim’.” (João 13:18 NVT)
O Senhor Jesus havia acabado de ensinar aos Seus discípulos uma importante lição sobre humildade e serviço. No entanto, conhecer tais princípios é diferente de colocá-los em prática. Por isso, Ele os advertiu que, agora que tinham compreendido essas verdades, seriam verdadeiramente felizes se as aplicassem em suas vidas (João 13:17). Sem dúvida, Jesus percebeu nos discípulos uma resistência para realizar tarefas simples, como aquela que Ele acabara de demonstrar. Dominados pela expectativa de poder e um reino terreno, ficaram perplexos com a ideia de lavar os pés de outros. Por esse motivo, necessitaram de uma repreensão.
Da mesma maneira, essa realidade se aplica a nós: frequentemente revelamos uma forte tendência a evitar qualquer ação que envolva sacrifício ou o serviço a pessoas que consideramos “menores”. Ainda que não admitimos abertamente, essa postura fica evidente quando prontamente transferimos essas responsabilidades a outros, justificando com a desculpa de que “não estamos capacitados” para tal tarefa. Contudo, Cristo é capaz de examinar os corações e discernir entre uma confissão genuína e uma falsa:
“Não digo estas coisas a todos vocês; conheço os que escolhi. Mas isto cumpre as Escrituras que dizem: ‘Aquele que come do meu alimento voltou-se contra mim’.”
Esse conhecimento perfeito de Cristo deve causar apreensão no hipócrita, conduzindo-o ao arrependimento, pois o Juiz onisciente já examinou seu interior por completo. Em contrapartida, os verdadeiros discípulos podem ter paz, sabendo que o seu Senhor conhece todas as coisas.
O salmo mencionado por Jesus é atribuído a Davi, que lamentava a traição de alguém próximo (confira Salmos 41:9). Provavelmente, essa passagem se refere a Aitofel, um conselheiro de Davi que o abandonou durante a rebelião de Absalão (confira 2 Samuel 15:12; 16:20-23). Ao antecipar Sua traição, Jesus preparou os discípulos, para que, quando acontecesse, eles reconhecessem que Ele era aquele de quem as Escrituras falavam (João 13:19). Sabendo que a traição de Judas poderia abalar os outros discípulos, Ele os encorajou com estas palavras:
“Eu lhes digo a verdade: quem recebe aquele que envio recebe a mim, e quem recebe a mim recebe o Pai, que me enviou.” (João 13:20 NVT)
Os discípulos deveriam lembrar que estavam sendo enviados em missão. Deveriam estar tão intimamente identificados com Jesus que qualquer um que os acolhesse estaria, na verdade, acolhendo o próprio Cristo; e, ao receber Cristo, também estariam recebendo o Pai que O enviou. Essa conexão profunda entre o Mestre e os discípulos, assim como entre o Filho e o Pai, deveria ser a fonte de encorajamento para eles. Aqueles que servem a Cristo dessa maneira não precisam temer ou desanimar diante de traições, zombarias, perseguições ou rejeições, pois chegará o dia em que ouvirão dEle estas palavras:
“Venham, vocês que são abençoados por meu Pai. Recebam como herança o reino que Ele lhes preparou desde a criação do mundo.” (Mateus 25:34 NVT)