“Nunca ouvimos alguém falar como Ele!” (João 7:46 NVT)
A declaração de Jesus sobre os “rios de água viva” (confira João 7:38-39) provocou um alvoroço na multidão:
“Alguns declararam: ‘Certamente este homem é o profeta por quem esperávamos. Outros afirmaram: ‘Ele é o Cristo’. E ainda outros disseram: ‘Não é possível! O Cristo virá da Galileia?’” (João 7:40-41 NVT)
A referência ao “profeta” remete àquele que Moisés anunciara que viria após ele e chamaria a atenção do povo. Para alguns, Jesus era esse profeta, e esperavam que Ele derrotasse os romanos e liderasse um novo Êxodo. Outros consideraram a possibilidade de que Ele fosse o “Cristo”, título que corresponde a “Messias” em hebraico.
Por outro lado, alguns protestos de preconceito em relação a Jesus surgiram rapidamente tão logo a possibilidade de que Jesus era o Cristo fora apresentada. Baseando-se em Miqueias 5:2, a multidão concluiu que Jesus não era o Messias, pois, segundo eles, Jesus vinha de Nazaré, enquanto o profeta havia declarado que o Messias viria de Belém:
“As Escrituras afirmam claramente que o Cristo nascerá da linhagem real de Davi, em Belém, o povoado onde o rei Davi nasceu.” (João 7:42 NVT)
Mesmo com todo o conhecimento das Escrituras, a multidão não percebeu que o Messias aguardado estava diante deles. A confusão foi tanta que eles não chegaram a um consenso. O povo ficou dividido: enquanto alguns queriam prender Jesus, ninguém teve coragem de tocá-lo (confira João 7:43-44).
Os guardas do Templo, enviados para detê-Lo, regressaram sem cumprir a missão e foram interrogados pelos principais sacerdotes e fariseus. Ao serem questionados sobre a razão de não terem prendido Jesus, responderam:
“Nunca ouvimos alguém falar como Ele!”
Os guardas confessaram que foram tão intimidados pelos ensinamentos de Jesus, ao ponto de não conseguirem obedecer às ordens. Apesar disso, essa resposta não levou os líderes religiosos a refletirem sobre suas atitudes. Pelo contrário, sua cegueira espiritual os levou a acusar os guardas de terem sido enganados, assim como, segundo eles, as multidões ignorantes (confira João 7:47-49).
Diante disso, Nicodemos (o fariseu que visitou Jesus à noite) posicionou-se durante a reunião do conselho dos adversários de Jesus. Com sabedoria e calma, ele questionou:
“A lei permite condenar um homem antes mesmo de haver uma audiência?” (João 7:51 NVT)
Podemos perceber o quanto Nicodemos havia progredido em relação a Cristo. Embora ele tenha falado pouco e não tenha declarado abertamente sua fé em Cristo, também não se intimidou diante do desprezo dos principais sacerdotes e fariseus (confira João 7:52). Pelo contrário, arriscou sua alta posição ao defender Jesus. Em outro momento, Nicodemos aparece novamente, trazendo especiarias para ungir o corpo de Jesus após Sua morte (confira João 19:39).
Isso nos leva a glorificar a Deus pela diversidade nas realizações do Espírito Santo. Ele conduz as pessoas, pela fé, ao mesmo Salvador, mas nem todas são levadas a Cristo ao mesmo tempo, nem de modo semelhante. Embora, aos nossos olhos, o processo possa parecer lento, ele é, sem dúvida, profundo e genuíno!